A palavra medo é tão pequena, mas quanto arrepio nos causa quando a ouvimos sendo pronunciada!
Tantos são os medos que nos acompanham durante nossa trajetória por esse planeta Terra!
Existem pessoas que têm medo das coisas físicas, medo de animais, de insetos; tive uma professora do cursinho que tinha pavor de borboletas.
Conheci uma pessoa que não podia ver um cachorro, grande ou pequeno, que entrava em pânico a ponto de perder a respiração. Imagino que em outra vida tenha tido um grave problema com esse fiel amigo do homem.
O fato é que esse medo se contorna; mas existem medos diferentes, desses que freiam a nossa evolução, atrapalham nosso desenvolvimento e muitas vezes nos deixam reclusos dentro de nossas próprias casas.
É comum nos dias de hoje pessoas que sofrem de síndrome do pânico, coisa que há tempos atrás nunca se tinha ouvido falar.
Pessoas que passam mal dentro do metrô, dentro de elevadores, não suportam lugares com aglomeração; têm pânico de falar em público (quero dizer que existe tratamento para isso e temos pessoas competentes que, aqui no site, escrevem sobre isso e por quem eu tenho um profundo respeito).
Há pessoas com depressão profunda, cuja única atividade é a de dormir o dia inteiro nos fins de semana, sem vontade sequer de abrir as janelas do quarto.
A vida nas grandes cidades anda muito conturbada, tantos são os medos que carregamos em nossos ombros todos os dias em que saímos de casa.
Medo de perder o emprego, de não ter dinheiro para pagar as contas, de não ir bem na entrevista profissional, de bombar na faculdade, de perder o marido (ou vice-versa) ou, então, medo de ser assaltado no farol, do seqüestro relâmpago.
Hoje tudo cobra rapidez a ponto de não sobrar tempo para planejarmos com vagar nossas ações.
Temos que sair de casa toda manhã - faça chuva, faça sol - e matar dois leões todos os dias, deixando sempre um leão para o dia seguinte.
A família nos cobra resultados (o marido cobra, a mulher cobra, os filhos cobram, a sociedade cobra); não temos mais o direito ao erro.
Temos que parecer perfeitos. Isso tudo se somatiza e se transforma em medo de não dar certo, de não conseguirmos nosso objetivo, de não superar uma fase que não seja boa.
Nós homens, então, somos cobrados para sermos sempre vitoriosos e vencedores. Daí, quando perdemos o emprego e não conseguimos recolocação, somos fracassados.
Mas se paramos para pensar, há anos atrás não éramos assim, não vivíamos assim entediados pelo começo de um novo mês ou de uma nova semana (costumamos dizer que, no domingo, após o término do Fantástico, começa o nosso tédio). Não é assim?
Esquecemos da nossa condição humana, esquecemos que não somos máquinas e não respondemos ao comando de botões e teclas.
Esquecemos de nos darmos conta que atrás de um crachá, de uma gravata ou um tailler de executiva, existe um ser único que somos nós e que não dá para nos furtarmos do nosso cuidado.
A falta de qualidade de vida intensifica nossos medos.
Passamos a maior parte do dia em um congestionamento. Almoçamos em fast foods; em meio a uma ligação e outra fazemos reuniões para decidir outra reunião.
Nossas pontes, hoje, são aéreas; o tráfego intenso acontece no céu. Pois é, não somos nem um pouco diferentes. Todos nós carregamos uma cruz, umas mais pesadas que outras. Faz parte da nossa passagem aqui na Terra e cada um de nós, tenham certeza, escolhemos a nossa.
Temos que ser multitarefeiros nesse mundo globalizado, mas não podemos negligenciar nossa saúde, pois todos esses medos, anseios, angústias que nos acompanham estão morando e crescendo dentro de nós e um dia virão à tona em forma de hipertensão, alto colesterol, pânicos, problemas cardiovasculares e outros problemas próprios do nosso tempo.
E quando nos dermos conta disso, não seremos mais os meninos que fomos.
Nossos cabelos estarão grisalhos, nossas crianças já serão adultas, nossos netos não terão mais paciência conosco; nossos amigos aos poucos estarão indo embora, nossa companheira não será mais a bela mulher que era.
Estaremos ficando cada vez mais sozinhos e quando nos dermos conta já não dará mais tempo para enfrentarmos o medo que nos persegue.
Por isso, pare enquanto há tempo!
Curta mais a sua vida.
Vá a lugares diferentes, dê preferência ao ar livre; pratique esporte; ande com sua mulher, com seu marido, com seus filhos, com seus amigos (eles vão adorar!).
Assuma que você é igual a todo mundo, com tristezas, alegrias, incertezas.
Não queira parecer nunca o que você não é, pois a vida vai cobrá-lo mais dia, menos dia.
Pense nisso...
Muita Paz!
Crédito:Luiz Affonso
Autor:Nelson Sganzerla
Fonte:Universo da Mulher