Rio de Janeiro, 20 de Abril de 2024

Família

Família
Todos os dias acordamos com a doce voz a nos chamar suavemente. Troca de sorrisos, de abraços, um desejo sincero de bom dia. Na cozinha o café da manhã já pronto, preparado pela mamãe. O papai nos olha com um olhar de aprovação e orgulho pelo filho que está à sua frente. Ao fundo, uma canção de Bach.
 
Como um casamento, só que este sem direito a divórcio, a família é uma união sólida que garante doses extras de carinho, colo, atenção e, é claro, amor. Correto? Bem, na teoria família é a forma mais exata de afeto, no entanto, na prática, vemos que a história é bem diferente. Saiamos das cenas de filmes da década de 30 e voltemos à realidade:
 
Todos os dias acordamos com o berro estridente que nos diz que é hora de levantar. No corredor um cruza-cruza de pessoas que se atropelam pela casa sem nem olhar um para o outro. Na mesa do café onde cada um se vira como pode os cumprimentos não existem e são substituídos pela leitura dos jornais e pela tv ligada. O pai nos olha com uma cara de “engraçado, acho que conheço este alguém de algum lugar”, enquanto a mãe se entretém com as broncas no irmão mais velho. Ao fundo, as batidas de porta de cada um em seu devido quarto.
 
Família deveria ser uma união estável. Deveria, pois na prática a teoria é outra. A Família Dó-Ré-Mi recebe caras de Família Monstro e troca os carinhos cotidianos pela tarefa da difícil convivência. Dilemas, discussões, contradições, gritos se misturam a sonhos, anseios, apoio, esperança, sentimentos. Um misto de confusões produz um fruto misterioso recheado de sentimentos necessários para nos fazer mais fortes e seguros.
 
O dia-a-dia é difícil. Mas, quem disse que seria fácil? E se fosse, sentiríamos toda esta saudade enorme após um mês fora de casa? Teríamos tanto orgulho de uma promoção no emprego ou notaríamos tão bem uma diferença de humor? Acredito que não, pois a suposta perfeição nos impediria de ver além do dito “perfeito”. Sejamos corretos, família perfeita deve ser insuportável, afinal, de defeitos se tira a oportunidade do conserto e da suposta perfeição se consegue apenas a manutenção do erro. 
 
 
 
Contato com a autora: mayarapaz@hotmail.com
Orkut: Mayara Paz
 
 
 
 
 

Crédito:Fatima Nazareth

Autor:Mayara Paz

Fonte:Universo da Mulher