Rio de Janeiro, 02 de Maio de 2024

O que causou a cabeçada de Zidane?

O que causou a cabeçada de Zidane?
Custou muito caro à França eliminar o Brasil.

 
Deu azar, reforçando a idéia de que o fracasso vive à sombra do triunfo, como o diabo de Deus.
Zidane foi do céu ao inferno ao realizar sua última partida como jogador na final da Copa.
 
Abriu a contagem com um gol abusado de pênalti e brilhou, preparando-se para ser ungido como o melhor da Copa e levantar a Taça do Mundo como capitão do time.
 
A seleção francesa impôs seu padrão de jogo à Itália quase a partida inteira; contudo, na prorrogação, duas cabeçadas de Zidane levaram-no a entrar em contato com o demo. Na primeira, a bola deveria ter beijado as redes e consagrado a vitória francesa.
Na segunda, foi no Materazzi e tornou-o vilão ao ser expulso. O mesmo Materazzi que cometeu o pênalti e depois assinalou o gol da Itália. De cabeça. A mesma cabeça abusada que xingou as origens de Zidane e o fez perder a cabeça. 
       
Melancólico encerramento de carreira para Zidane, ainda mais que Vieira e Henry não suportaram o ritmo da Copa e o terceto fez falta na cobrança de pênaltis, facilitando a tarefa para os italianos. Um castigo do nível da cabeçada.
Resultado: tiraram o hexa do favoritíssimo Brasil para serem apenas vice.
Essa forte geração francesa que está se aposentando merecia o segundo título e ingressar na elite dos vencedores ao lado da Argentina, mas ficou com o prêmio de consolação: um, dois, três, Brasil é freguês!
       
Por sua vez, a Itália faturou a Copa do Mundo pressionada pelo escândalo de manipulação dos resultados no campeonato italiano, que ameaça rebaixar os clubes milionários, além de incriminar a maioria da Azzurra - no caso do Juventus, vai para a terceira divisão e perde o bicampeonato conquistado.
 
Havia que provar dentro das quatro linhas que eles são o mocinho do filme, ou melhor, os galãs.
Uma final européia com a sua cara: burocrática, defensiva, racional, econômica.
Que coisa chata a preponderância da inteligência sobre a fantasia!         
       
Ao contrário do que dizia o poetinha, beleza não é fundamental. Mesmo porque as duas seleções de mais talentos individuais, Brasil e Argentina, voltaram para casa antes.
 
Mas pode se encontrar beleza no chamado feio, pois quem não revela apetite fica insosso como a cara do Parreira chapada na seleção brasileira.
 
Quem arrisca, como a seleção italiana na prorrogação com a Alemanha ao utilizar quatro atacantes, se torna belíssimo. Quem esperneia, põe o dedo na cara e xinga, pode parecer troglodita, como o Felipão, mas pelo menos vibra e demonstra vontade em ser vitorioso e não morrer de véspera como o peru.
Feio de verdade é o estrategista Parreira, ao ter lançado antes da Copa o seu livro “Como comandar equipes vencedoras” - a raiz da derrocada.
       
No entanto, a melhor piada veio de Portugal. Como sempre. Miguel se contundiu contra a França sem avisar.
Paulo Ferreira custa a entrar em seu lugar. Teve que calçar meias e chuteiras.
Assistia ao jogo do banco de reservas confortavelmente descalço.  
       
Equipes vencedoras?
Mas se nem o Flamengo quer mais o Ronaldo quando ele vier encerrar a carreira.
 
Os clubes do Rio se debatem com a ameaça da segunda divisão. Não há com que se preocupar, Adriano substituirá Ronaldo, chegou à Copa com cinco quilos acima do peso.
Ronaldinho Gaúcho e sua arcada dentária não nos deixarão esquecer como iremos conviver com seu apagão em 2010.
A reputação de Roberto Carlos ficou irremediavelmente manchada com a imagem de agachar para ajeitar as meias enquanto a França fazia seu gol.
Cafu deu as costas para a própria biografia.
Felipão, ativo; Parreira, passivo. Renovação, a saída.
 
Por que não formar uma seleção que vá na bola como se fosse um prato de comida?
Parreira não recomendou enterrar o defunto?
É o que devemos fazer o quanto antes.
 
 
 
 

Crédito:Antonio Carlos Gaio

Autor:Antonio Carlos Gaio

Fonte:Universo da Mulher