Rio de Janeiro, 18 de Maio de 2024

A França, que celebrizou a guilhotina, se converteu no maior carrasco do Brasil

A França, que celebrizou a guilhotina, se converteu no maior carrasco do Brasil
Era para vingar e virou freguês. Pela terceira vez. Em 86, no pênalti perdido por Zico. Em 98, no piti de Ronaldo. Em 2006, no técnico travado cuja língua de iguana é a viva voz da sua emoção.
 
A França, que celebrizou a guilhotina, se converteu no maior carrasco do Brasil. Tanta vingança nos corações e mentes para o Brasil morrer abraçado a quem mais odeia: a Argentina.
 
Bem que Pelé estava com um mau pressentimento mas, fora do campo, ninguém confia em sua sabedoria.
Vergonha não foi a derrota e sim a falta de tesão que contaminou até o Ronaldinho Gaúcho.
 
Zidane mostrou quem é o melhor do mundo e que a conquista do título em 98 não se deveu só às convulsões de Ronaldo.
 
Os brasileiros vão ter de engolir que a França pode cantar de galo - seu símbolo. Les bleus carimbaram a qualidade de sua geração na arrogância e presunção da nossa vingança.       
 
O que Roberto Carlos estava fazendo, agachado na meia-lua, para deixar Thierry Henry à vontade para marcar o gol da França?
E o Cafu, preocupado com a glória de seu percurso de vida? Aberto o caminho para Ronaldo se aposentar e jogar futebol nos Estados Unidos, tornando-se um cidadão itinerante no mundo e uma marca como Pelé.
 
Celebridades que não vestiram a camisa. A valorização do seu futebol nos gramados europeus afastou-os de sua origem. Uma manobra bem urdida pelos donos do circo para entorpecer nossos astros e não perder outro campeonato em plena Europa.
 
Os franceses deram um nó na nossa criatividade, que não conseguiu deslanchar.
Tirando Dida, Lucio, Juan e Zé Roberto, todos pareciam anestesiados.
 
Onde já se viu precisar motivar o jogador para disputar Copa do Mundo?
Faltou atitude dentro de campo, o que, no linguajar do torcedor, significa raça.
 
Saudades da garra do Felipão, porque Parreira, como gestor de talentos, está mais pro futebol feio e retrancado de 94.
 
A seleção canarinho refletiu a postura do técnico Parreira. Imobilizado, sem ousadia, racional a ponto de ser chato, apologista da repetição, despreparado por só pensar na final.
Não botou ninguém pra frente, a síndrome da depressão.
 
Se tivesse ouvido Thierry Henry sobre a infinidade de talentos que surgem no futebol brasileiro:
-  Quando era pequeno e estudava das 7 às 17 h, pedia para meu pai me deixar jogar bola depois. Ele me mandava fazer o dever de casa.
 
No Brasil, as crianças jogam bola o dia inteiro e ninguém fala nada. Basta pôr os pés na rua que, onde tiver um espaço vazio, todo mundo bate uma bolinha e faz embaixada.
 
Nas favelas, nas praias e até em beira de estradas. Vem do berço. Não dá para competir.
 
 
 

 
 

Crédito:Antonio Gaio

Autor:Antonio Gaio

Fonte:Universo da Mulher