Os lábios carnudos com que Brigitte Bardot hipnotizou o mundo nos anos 60 estão de volta. Apelidada de bardotização, a moda vale para todas: jovens modelos e mulheres de meia-idade. Quem tem exibe. Quem não tem consegue com a ajuda de algumas ampolas. Pouco importa se são verdadeiros ou turbinados artificialmente. A palavra de ordem é ter lábios volumosos, provocantes. Não por acaso, os holofotes nos últimos desfiles estiveram divididos entre as modelos Adriana Lima e Daniela Cicarelli. A boca sensual da baiana Adriana conquistou o cantor Lenny Kravitz a ponto de levá-lo a pedir a garota em casamento. Já a mineira Daniela garante seu pé-de-meia fazendo caras e bocas em propaganda de biquíni. "Quando estava grávida, minha mãe rezava para que eu nascesse com uma boca como a do Mick Jagger", conta.

Apesar de as más-línguas alardearem que tanto a boca de uma quanto a de outra são turbinadas, estas soam muito mais naturais que a da apresentadora Babi. A estrela do SBT nega, mas é evidente que o rosto miúdo dos tempos de MTV passou pelas mãos de um especialista para chegar ao visual pantera que ela exibe hoje, aos 28 anos de idade. Boas mãos, diga-se, porque a moça ficou mais interessante. A musa Sharon Stone e a prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, também retocaram os lábios com silicone.

Nascer com os lábios grossos é privilégio de quem tem ascendência negra ou indígena. A mulher branca vê seus lábios naturalmente finos perderem ainda mais o volume depois dos 40 anos. É que a partir dessa idade a queda dos hormônios leva à diminuição das fibras de sustentação dos tecidos. As quarentonas foram as primeiras a recorrer ao preenchimento labial. Com a chegada da clientela mais jovem, o procedimento tornou-se corriqueiro nos consultórios. Nos últimos dois anos, o consumo de Artecoll e de Restylane, duas substâncias usadas para inflar os lábios, cresceu 70%. As injeções de Artecoll, derivadas do colágeno bovino, duram até quatro anos, mas têm a desvantagem de provocar reações alérgicas. O Restylane, feito com ácido hialurônico, existente no organismo, não tem efeitos colaterais, porém resiste menos – até nove meses –, porque é rapidamente absorvível. Esse inconveniente também ocorre com as injeções de gordura tiradas da própria pessoa. Em quatro meses, a mágica se esvai e os lábios regridem.

Por ser permanente, o silicone era muito usado. Mas, no começo deste ano, o Ministério da Saúde proibiu sua aplicação. "O risco de migrar dos lábios para outras regiões do rosto é grande", comenta Christiana Moron, dermatologista do Instituto Vita de São Paulo. "Na prótese o silicone fica preso numa espécie de bolsa. Nos lábios, ao contrário, ele é injetado em microgotas e pode acabar parando no queixo." Nos consultórios médicos, também há casos de mulheres que ficaram com a boca proeminente demais e hoje recebem injeções de corticóides para desinchá-la um pouco.

DÁ PARA ENGANAR Philippe Chansel, maquiador da MAC, grife de cosméticos que chega ao Brasil, ensina truques para aumentar a boca com maquiagem Cubra os cantos da boca com base e use um lápis da cor do batom para redesenhá-la. Aponte os cantos para cima Contorne os lábios com um lápis mais escuro e pinte-os de fora para dentro, deixando o centro mais claro Prefira tons claros e vivos. Os escuros e opacos diminuem os lábios

Outra novidade é a utilização do Botox. A "milagrosa" toxina que atenua rugas está sendo aplicada em dois músculos, próximo do queixo e ao redor da boca. "É um coadjuvante. Não preenche depressões, mas, ao levantar essa região da face, dá a impressão de que os lábios são maiores", explica Matilde Sposito, fisiatra da Escola Paulista de Medicina e da Universidade de São Paulo. Trata-se de uma alternativa, porque o que todas querem é ficar com um sorriso de Julia Roberts para arrasar naquela festa. Julia, por sinal, dá uma turbinada anual nos lábios às vésperas da entrega do Oscar. Quem resiste ao apelo de ficar ainda mais bonita?

MODA Sensuais, os lábios volumosos viraram objeto de desejo