Rio de Janeiro, 25 de Abril de 2024

Entre nós

Amar é importante.
Sentir o amor, sentir-se amado é importante.
 
O grande mal que atinge o mundo é a ausência daquilo que chamamos o maior de todos os sentimentos e a maior dentre todas as coisas.
 
Não falo aqui do amor carnal, embora este entre em conta na contabilidade da felicidade de cada um de nós.
 
O que falo é no amor que gera a atenção, aquele devido e reclamado por cada ser, mas mais reclamado que tudo, como se o dar não fizesse parte do acordo implícito em cada relação humana.
 
As pessoas desinteressam-se das outras, porque dizem-se ter o suficiente com os próprios problemas. E o têm, provavelmente.
 
Mas o que gera o isolamento, a solidão temida, é justamente querer receber aquilo que nos recusamos a dar.
O que falta é a atenção necessária ao outro para sentir-se, pelo menos, ouvido e parte integrante na roda da vida.
 
Cada um fala por si e poucos são os que se importam realmente com que o outro diz, com seus reais sentimentos, suas reais razões.
 
Muitas e muitas vezes quando um fala, o outro já está preparando-se para dizer, sem ponderar, aquilo que ele mesmo pensa ou sente.
 
Pessoas tornam-se assim, surdas às outras, porque só conseguem ouvir a voz do próprio egoísmo, não por maldade, mas pelo apelo das próprias necessidades.
 
Pessoas juntas sentem-se sozinhas, casais unidos pela vida sentem-se abandonados, amigos criam relações superficiais, pais e filhos distanciam-se.
 
Olhar nos olhos do outro é importante.
 
Perceber a dor ou a felicidade e compartilhar dela é fundamental ao outro na sua necessidade de se sentir amado.
 
Poucos, raros mesmo, são os que param o que estão fazendo quando o companheiro, amigo ou colega de trabalho precisam falar.
 
Parte do que se diz fica desconectada no ar e a outra parte, invariáveis vezes, esquecidas depois. Numa fração de segundo a frase "do que mesmo estávamos falando?" pode entrar na conversa, deixar um sem ação e o outro sem graça.
 
A atenção dada ou recebida faz parte do tratamento e da cura dos males que tomam conta do mundo, ela reforça relações, cria laços, solda, une e faz bem.
 
Não ouvimos Deus porque não queremos ouvir, porque, quem sabe, o que Ele quer nos dizer nos desagrada e contraria, mas Ele fala e só percebemos isso depois com o infalível "eu sabia" que nos fere como um punhal.
 
Não somos ouvidos por Ele porque não abrimos inteiramente nosso eu, temos sempre pressa, estamos sempre ocupados.
 
Entre Deus e nós e entre nós e os outros somos os que definimos o tipo de relação que temos.
 
Podemos colocar o primeiro tijolo ou esperar que alguém o faça.
 
Porém a ordem com que este é colocado influencia e determina cada um dos nossos passos e abre ou fecha para nós as portas do paraíso.
 
Seja Solução
 
Seja solução e não problema.
Não pense somente em você.
 
O mundo está cheio de egoístas que querem
resolver somente o "seu" problema.
 
Há muita gente mais injustiçada
e mais necessitada do que você.
 
Num acidente, não queira resolver
primeiro o problema de seu dedinho
esfolado.
 
Veja antes, se não há
ninguém com as pernas quebradas.
 
Você poderá retirá-lo do meio da
pista, mesmo tendo seu dedinho
esfolado.
 
 
Saiba que você será mais feliz
quando for útil, e não quando for
egoísta: quando for solução, e não
quando for problema.
 
 
 
 

Crédito:Luiz Affonso

Autor:Letícia Thompson

Fonte:Universo da Mulher