Rio de Janeiro, 17 de Maio de 2024

Risco de mãe para filho

Preconceito e falta de informação são alguns dos fatores que contribuem  para o grande número de bebês infectados pelo vírus da aids
 
 
 
A chamada “transmissão vertical”, que acontece de mãe para filho, é uma das principais  preocupações dos especialistas em relação à infecção pelo vírus HIV. De acordo com dados do Ministério da Saúde, cerca de 8% das gestantes soropositivas transmitem a doença para o bebê. A taxa é muito alta, já que em países de Primeiro Mundo esse índice é quase nulo.
 
O tratamento correto com o uso da combinação de três medicamentos (como por exemplo, a zidovudina mais lamivudina e nelfinavir, entre outras) faz com que os riscos do contágio para o recém-nascido sejam reduzidos para menos de 3%. Ou seja, o grande vilão da transmissão vertical é a falta de acompanhamento e terapia adequada. Por isso, é essencial que o diagnóstico seja precoce e que a paciente siga corretamente a terapia, que deve ser iniciada durante a gestação.
 
Os medicamentos devem ser oferecidos a todas as gestantes portadoras do vírus, mesmo que elas não tenham nenhum sintoma, pois diminui a quantidade de vírus HIV no sangue da mãe, reduzindo a chance de transmissão ao bebê. Tanto o preconceito quanto a falta de informação nos faz perder a chance de impedir que mais crianças sejam contaminadas com o HIV.
 
Um dos fatores que tem maior contribuição para o crescimento desse número assustador é a falta de acompanhamento pré-natal. O teste anti-hiv, que deve ser solicitado pelo médico no início da gestação, com o consentimento da gestante, muitas vezes não é realizado. Ele é o instrumento que permite um diagnóstico precoce da doença. Estudo apresentado no Boletim Epidemiológico da Aids comprova as informações. Só para se ter uma idéia, na região Norte e Nordeste somente cerca de 33% das gestantes que fazem o exame, ficam cientes do resultado.
 
O preconceito e a falta de informação também rondam as futuras mamães. Muitas ainda não sabem que a AIDS já deixou de ser uma doença de grupos de risco e podem afetar qualquer pessoa, independente de seu estado civil. Mulheres casadas e solteiras correm riscos, já que muitas podem ser contaminadas pelo marido ou namorado fixo em relacionamentos onde a vida sexual do parceiro diversas vezes é desconhecida. Como a doença pode ficar anos sem manifestação, as pessoas acham que nunca foram infectadas. Basta o exame para esclarecer.
 
 
* Dr. Eduardo Franco é infectologista, Mestre em Virologia pelo Imperial College of London-Inglaterra, e gerente médico da Roche, na empresa é responsável a linha de medicamentos para tratar a infecção pelo HIV, como o Viracept (nelfinavir) e o Fuzeon (enfuvirtida).
 
 
 
Aids em números

ð   Mais de 371 mil casos confirmados da doença;
ð   Do total de casos confirmados, 118.520 são mulheres;
ð   Estimativa de 600 mil pessoas infectadas pelo HIV;
ð   13 mil mulheres infectadas pelo HIV dão à luz no Brasil, todos os anos.
ð   O vírus HIV pode ser transmitido durante a gravidez, parto ou amamentação. Cerca de 50% a 70% das transmissões acontecem no período próximo ou durante o parto.
ð   Nos serviços públicos, estão disponíveis gratuitamente os testes para detectar o vírus e os medicamentos necessários ao tratamento com antiretrovirais (ARVs).
 
 
 
 
 Fonte: Ministério da Saúde / http://www.aids.gov.br
 

 

 


Crédito:Larissa Saram

Autor:Dr. Eduardo Franco

Fonte:Máquina da Notícia