Febrasgo orienta médicos a alertarem suas pacientes sobre os riscos do uso incorreto
O Ministério da Saúde já começou a distribuir as camisinhas femininas pelo Sistema Único de Saúde.
A previsão é de que até o final do ano 20 milhões de unidades estejam disponíveis na rede pública. Mas, apesar de todas as vantagens, é preciso atenção ao uso correto do preservativo.
O manuseio errado e a colocação inadequada, por exemplo, podem reduzir a eficácia da proteção em até 21%.
Por isso a importância de a mulher estar bem orientada, ressalta a diretora administrativa da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), Vera Fonseca. Estudos clínicos mostram que o uso perfeito do preservativo feminino pode reduzir as taxas de falha para 2,6% ao ano. Assim, é imprescindível que médico converse e oriente sua paciente, afirma.
Como no Brasil este método não é tão difundido quanto o preservativo masculino, é preciso que a mulher se informe e leia as instruções da embalagem, mas, se ainda assim ela tiver dúvidas, deve procurar o ginecologista, que está pronto para orientá-la.
O maior risco é o da falsa proteção, ou seja, ela pensar que está usando da maneira correta quando na verdade não está, alerta Vera Fonseca. Nós sabemos que é uma questão de hábito. Ainda há necessidade de se familiarizar com este método, mas acredito que com o incentivo do Governo, o uso se tornará mais comum entre os casais, complementa.
Entretanto, a diretora administrativa da Febrasgo acredita que para a mulher não será nenhum mistério começar a utilizar o preservativo feminino, pois a colocação é parecida com a do absorvente interno e do diafragma.
Deitada, sentada ou com uma das pernas levantadas, ela dobra o anel e introduz até o fundo da vagina, explica. Caso a mulher não se sinta segura, ela pode praticar a inserção apenas como um treino, sem ter relações naquele dia, orienta.
A camisinha feminina confere dupla proteção, prevenindo tanto da gravidez quanto das doenças sexualmente transmissíveis como a hepatite B, a Sífilis e o HIV. No caso do HPV e da herpes, ela oferece maior proteção, por abranger uma área maior de contato genital, como os grandes lábios. Além disso, segundo informações do Manual de Orientação em Anticoncepção da Febrasgo, é confortável, tanto para o homem quanto para a mulher, fácil de remover e proporciona menor perda de sensibilidade que os preservativos masculinos.
No comando
Com certeza a grande vantagem deste método, é que a mulher passa a ter também controle na relação sexual, afirma Vera Fonseca. A camisinha feminina pode ser colocada com antecedência, permitindo o planejamento, além de não provocar interrupção do ato.
A iniciativa do Governo coloca nas mãos das mulheres a possibilidade da contracepção e da prevenção. Se antes ela se dizia refém da vontade do parceiro, agora ela pode se impor, e abrir um diálogo sobre o assunto, ressalta Vera, dizendo, porém, que o ideal é haver um consenso entre o casal.
Mitos e verdade
Por não ser comum no Brasil, algumas dúvidas sobre a camisinha feminina ainda assombram as mulheres. É importante salientar, por exemplo, que o uso do preservativo feminino não pode ser associado ao do masculino. Vera Fonseca explica que neste caso, é preciso escolher um método, pois o atrito entre os dois pode causar rompimento.
Outro mito é o de que o uso do preservativo feminino causa muito barulho durante a relação. Na verdade, podem ocorrer pequenos ruídos no momento da penetração, mas o material com que é feito (polímero ou látex) busca minimizar esses sons. Contudo, a adição de lubrificante, a base de óleo ou água, dentro do preservativo ou diretamente no pênis pode evitar esse desconforto.
Devemos lembrar também que a camisinha não é reaproveitável. Apesar de poder ser introduzida com até 8 horas de antecedência e retirada apenas quando a mulher se levanta, ela deve ser utilizada em apenas uma relação sexual.
Dúvidas sobre o uso do preservativo e a menstruação são recorrentes. No caso do feminino, o uso não só é permitido como aconselhável, uma vez que, apesar de pequena, a possibilidade de engravidar ainda existe. Além disso, o sangue menstrual favorece ainda mais a proliferação de micro-organismos causadores de DSTs, alerta a diretora administrativa da Febrasgo.
Erros mais comuns no uso da camisinha
1 - Aplicação tardia: Entre 17 e 51,1 % das pessoas afirmaram que colocam o preservativo após o início da relação sexual. A aplicação tardia pode acontecer entre 1,5 a 24,8% dos encontros sexuais.
2 - Remoção precoce: Entre 13,6 e 44,7% dos indivíduos nos estudos retiraram o preservativo antes do fim da relação sexual. A remoção precoce acontece entre 1,4 e 26,9% dos encontros sexuais.
3 - Exposição a objetos cortantes: Entre 2,1 e 11,2% das pessoas afirmaram que abriram os preservativos com objetos cortantes ou com os dentes.
4 - Não verificação de danos: 82,7% das mulheres e 74,5% dos homens não verificaram o estado do preservativo antes do uso.
5 - Falta de lubrificação: Entre 16 e 25,8% dos participantes já haviam utilizado preservativo sem lubrificação, aumentando o risco de uma ruptura.
6 - Lubrificação errada: Em 4,1% das relações sexuais, as pessoas afirmaram usar lubrificante à base de óleo, que, em contato com o látex, pode degradar o preservativo. Cerca de 3,2% das mulheres e 4,7% dos homens relataram esse erro.
7 - Retirada incorreta: Deixar de retirar prontamente e corretamente o preservativo masculino após a ejaculação foi um erro comum, ocorrendo em até 57% das relações estudadas. Cerca de 31% dos homens e 27% das mulheres afirmaram ter cometido este erro.
8 - Reutilização do preservativo: Entre 1,4 e 3,3% dos entrevistados na pesquisa haviam reutilizado o preservativo pelo menos duas vezes durante um encontro sexual.
9 - Armazenamento incorreto: Entre 3,3 e 19,1% das pessoas nos estudos tinham armazenado preservativos em condições fora das recomendações sobre do pacote.
10 - Rompimento: Entre 0,8 e 40,7% dos participantes relataram a experiência com preservativo rompido.
11 - Derrapagem: Entre 13,1 e 19,3% dos participantes relataram que já tiveram experiência de deslizamento do preservativo.
12 - Vazamento: Preservativos vazaram entre 0,4 e 6,5% das relações sexuais estudadas, com 7,6% dos homens e 12,5% das mulheres relatando uma experiência com um preservativo furado.
Fonte: Kinsey Institute for Research in Sex, Gender and Reproduction, Indiana University - EUA
Crédito:Luiz Affonso
Autor:Teani Freitas
Fonte:Universo da Mulher