Rio de Janeiro, 17 de Maio de 2024

Os bandidos que se cuidem!

Os bandidos que se cuidem!
Com óculos escuros, uniforme preto e disposição para participar de combates armados, elas chegaram para detonar os bandidos. A partir do mês que vem, a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) – time da Polícia Civil conhecido pela presença exclusiva de homens – vai ser a primeira unidade de elite a contar com uma equipe feminina. Recebendo treinamento para enfrentar qualquer desafio do crime nas ruas, elas já ganharam dos colegas o apelido de Mulheres de Preto.
 
“A participação da policial feminina na revista de mulheres suspeitas em operações ostensivas nas favelas já era algo necessário, uma vez que as quadrilhas têm usado cada vez mais integrantes do sexo feminino para driblar a lei, transportando drogas, por exemplo. Mas percebemos que a agente mulher também pode ser muito eficiente usando disfarces para uma investigação, e nos combates de rua”, afirma o chefe de Polícia Civil, Álvaro Lins, que recomendou que elas recebam o mesmo treinamento, rigoroso, oferecido aos homens.
 
Durante as instruções, elas são submetidas a testes de resistência física, além de fazer cursos específicos com sete módulos em um total de 280 horas. Aprendem como entrar em áreas de risco, montar e desmontar explosivos, abordar veículos e pessoas, participar de ações marítimas e aéreas, e usar todo tipo de armas. “Quero que elas também atuem nas investigações que exigem um trabalho mais minucioso na área de inteligência”, acrescenta o coordenador da Core, delegado Rodrigo de Oliveira, reconhecendo o potencial feminino.
 
Por enquanto, a unidade conta com oito mulheres em treinamento, mas deve receber pelo menos o dobro até o fim de outubro. A condição para participar da equipe é que a policial seja voluntária e não responda a nenhum procedimento administrativo ou judicial. Com muito charme e entusiasmo, as meninas já venceram toda a resistência dos homens à presença de mulheres nas atuações da Core.
 
“Elas são bonitas, competentes e trouxeram brilho à equipe. Mas nem por isso terão mordomias. Aqui o trabalho é pesado e muito sério”, alerta o chefe do Serviço de Planejamento Operacional, Carlos Alberto Vieira, chamando a atenção para o rigor disciplinar dos treinamentos.
 
No meio das novatas, uma veterana se destaca. É a policial e professora de Educação Física Rosângela Fernandes, 45 anos, que já passou pela Divisão Anti-Seqüestro (DAS) e participou de várias operações de rua. “É muito gratificante ajudar na formação dessa nova geração de policiais. E, com mulher, isso aqui fica mais animado”, brinca a policial, que tem 16 anos de carreira e é uma das maiores incentivadoras do grupo feminino. Além de contribuir no treinamento das meninas, Rosângela chefia o Serviço de Segurança Especial da Core, formado por 70 homens. A equipe é encarregada de fazer a segurança de autoridades.
 

Combativas, mas sem perder a doçura jamais

Uma das mais vaidosas do grupo, a loura Patrícia Neves, 24 anos, apelidada pelas amigas de Kelly Key, conserva sua meiguice mas não se intimida diante do treinamento pesado. Formada em Direito e atualmente sem namorado, pretende estudar para ser delegada. “Quis vir para a Core porque sei que aqui vou receber um treinamento de elite.
 
Quero ser uma policial que sabe agir em qualquer operação de risco e fazer uma investigação inteligente”, afirma a aplicada aluna. Quando deixa o serviço, no entanto, Patrícia não esquece de caprichar no visual. “Meu uniforme fica aqui. Gosto de usar salto alto, perfume e um batonzinho básico”, conta, sorrindo. Juliana Padilha, 25, concorda com a amiga. “A gente pode ser policial até 24 horas por dia, mas sem perder a doçura jamais”, completa a agente, também formada em Direito e que já trabalhou na DAS e na Coordenadoria de Polícia Especializada.
O namorado, um cientista social, chegou a reagir contra a carreira perigosa da amada, mas depois acabou cedendo. “Ele percebeu minha paixão pelo trabalho e, apesar dos riscos da profissão, aceitou numa boa”, comemora.
 
 

 

Crédito:Anna Beth

Autor:O Dia

Fonte:O Dia