Rio de Janeiro, 17 de Maio de 2024

Todo mundo quer fazer CD

A novidade foi importada da Europa e ganha cada vez mais adeptos. Lojas, restaurantes, bares e até mesmo salões de beleza estão lançando CDs com as músicas que mais tocam em seus alto-falantes. No Rio, já aderiram o restaurante Joe & Leo"s, a loja de moda praia Lenny e a boate Nuth. Nos próximos dois meses, entram para o clube o Bar d"Hôtel e as grifes Wöllner, Sandpiper e Essencial.

O objetivo principal dessas coletâneas é paparicar os clientes mais fiéis e aumentar a visibilidade da marca. No caso de boates ou bares noturnos, normalmente é o próprio DJ do lugar quem faz a seleção das músicas. É o caso do bem-sucedido CD da Nuth, que vendeu 10 mil cópias desde que foi lançado pela Som Livre em novembro e ocupava o primeiro lugar na categoria dos eletrônicos mais procurados da Fnac até esgotar na loja há duas semanas. Quem selecionou as 14 faixas ecléticas (ver opinião na página ao lado) foi Bernard de Cateja, 41, DJ residente da Nuth. ""É um CD feito para agradar gregos e troianos"", diz. Esse é o mesmo objetivo do CD de flashbacks da hamburgueria Joe & Leo"s, lançado em fevereiro pela gravadora EMI, que já vendeu 2.000 cópias. ""Resolvi fazer o CD porque os clientes gostam muito do que toca aqui. Já estão até cobrando uma segunda edição"", diz André Cunha Lima, proprietário da casa e responsável pela seleção das músicas do disco.

A Lenny entrou na onda depois do desfile na Semana BarraShopping de Estilo, em julho. ""Fazer um CD como esse é um capricho meu, um luxo. Por ser uma compilação de várias músicas de diversas gravadoras, o custo fica alto. Mas acho bacana"", diz Lenny Niemeyer. No rastro do sucesso da Lenny, outras grifes resolveram lançar CDs. No início de junho, sai o da Wöllner. A grife desembolsou R$ 15 mil na produção, feita por Márcio Menescal, Alexandre Moreira e o DJ Marcelinho da Lua. ""Nem dá para pensar em retorno financeiro, pois a intenção não é fabricar discos em larga escala. Nosso objetivo é fazer um carinho nos clientes e fortalecer a marca"", diz o empresário Paulo Calarge, um dos donos da Wöllner. Em julho, é a vez da Essencial e da Sandpiper. Como em quase todos os CDs temáticos , os organizadores prometem uma mistureba de lounge, house, música latina e drum"n"bass.

Lançado em março, a compilação do salão de beleza Crystal Hair, em Ipanema, também abusa de lounge. ""A gente só trabalha ouvindo música"", diz o colorista Marcos Araújo. As clientes gostavam tanto do sonzinho moderno que Araújo e os sócios Ivani Werneck e Marcos Falcão resolveram produzir, informalmente, um CD com 250 cópias. A tiragem de fundo de quintal se esgotou em menos de dois meses e um novo volume já está sendo preparado.

A mania dos CDs temáticos começou em 1995, quando o Café del Mar, em Ibiza, lançou um disco com a trilha sonora que agitava o local. O sucesso foi tanto que o bar espanhol já está em seu 12º CD, incluindo edições de house e música clássica. Em 1999, a moda chegou a Paris. Primeiro foi o Buddha Bar, templo dos moderninhos franceses, que hoje tem cinco volumes com a seleção do que toca na casa e mais seis produzidos por convidados. Depois vieram o bar do Hôtel Costes e o restaurante-boteco franco-brasileiro Favela Chic, que batizou de Postonove seu CD com composições de Elza Soares e Jorge Ben . O disco foi exportado para toda a Europa, Estados Unidos, África do Sul e Japão. Também faz sucesso no Brasil. O segundo volume da série de quatro será lançado em setembro. Sócia do restaurante paulistano Ruella e do Bar d"Hôtel, no Leblon, a empresária Danielle Dahoui é uma colecionadora fanática dos CDs temáticos produzidos pelos franceses e decidiu fazer também. Fechou uma parceria com a gravadora Universal e em junho fica pronto o Ruella Acústico, com músicas, na sua própria definição, românticas sem ser deprê. No mês seguinte será lançado no Rio o Bar d"Hôtel Beats, mais dançante. Feitos para durar uma temporada, os CDs terão tiragem de 3.000 cópias cada.

Crédito:Anna Beth

Autor:Daniela Canedo

Fonte:Jornal do Brasil