Dona de um porte altivo, que afirma ter conquistado depois de dois anos de ioga, Camila Pitanga vive, na pele da garota de programa Bebel, de Paraíso Tropical, o papel de maior destaque de sua vida. Vi nela uma oportunidade para me reinventar. Ela é quase meu espelho ao contrário. Trabalhei muito para que fosse assim. Tive que me desconstruir, deixar de lado minhas mãos postadas, abandonar minha postura alongada, revela à Estilo de Vida de maio.
Fora do set de gravação, o resultado de tamanho esforço se reflete em sua personalidade. Camila adora vestidos, preza a família, sonha em ser mãe, se preocupa com a aparência, ama a profissão que escolheu, mas já não se sente mais na obrigação de agradar a ninguém a não ser ela própria.
Apesar de apreciar a leitura, confessa que portar uma revista também é estratégia para driblar o assédio de estranhos. Tímida, aprendeu que basta fixar o olhar num texto para fazer com que um possível interlocutor mude de idéia e se afaste.
Mas se a tática mostrou-se eficiente em 14 anos de carreira, o momento atual vai ser a prova de fogo do tal artifício. Sou uma pessoa suave, na minha. Falo baixo, detesto gritos. A Bebel me obriga a explorar uma faceta mais forte. O que mais me chamou a atenção, desde o início, é que ela tem uma auto-estima invejável. Pode estar na pior situação, mas a sua crista não abaixa. Trabalhei à beça para dar vida a ela. Tudo na Bebel é exibido, exacerbado quase o meu oposto. Ela chega e acontece. Eu chego nos lugares de mansinho.
A bela conta que mesmo tendo começado a trabalhar muito cedo [aos 16 anos, estreou na minissérie Sex Appeal] não ficou deslumbrada. Ela explica que isso se deve ao fato de ter acompanhado de perto a carreira do seu pai, o ator Antônio Pitanga, com todos os seus sucessos e fracassos.Isso me deixou muito exigente comigo mesma. Não me perdoava quando errava. Minha autocrítica era embotadora, uma armadilha que me impedia de ser feliz. Hoje, eu me jogo a cada trabalho. Tenho o prazer da conquista e de defender as minhas opiniões. Acho que isso é amadurecer, né? Aos poucos, percebi que toda exigência é boa até o momento em que você consegue se liberar dela, analisa.
Camila diz que gosta de moda, de se ver bonita e de conversar com estilistas. As roupas de época são as que mais me seduzem. Os vestidos tinham uma afetação, quase uma luxúria, que considero incrível. Eles fazem com que eu me sinta mais feminina. Adoro os longos informais para o dia. Há pouco tempo, comecei a explorar os comprimentos mais curtos. Caiu a ficha: tenho 29 anos e essa é a hora aproveitar a minha idade. Daqui a uns vinte talvez fique difícil deixar as pernas de fora.
A atriz revela ainda que mantêm sua magreza sob controle. Emagreci, sim, queria ficar mais à vontade para a novela, mas não pergunte quantos quilos eu perdi. Sou como qualquer mulher: me preocupo se o corpo vai ficar legal dentro de um maiô e a Bebel usa muito menos do que isso. Na verdade, não fiz nada mirabolante. Todo mundo está sempre em busca de uma dieta nova, de um aparelho novo. Não adianta. Fiz o convencional: alimentação saudável e atividade física. Em vez de dizer que estou magra, prefiro dizer que estou disciplinada, finaliza.
Fotos: André Schiliró
Crédito:Karen Moraes
Autor:Cláudia Rubinstein
Fonte:CR Comunicação
