Rio de Janeiro, 18 de Maio de 2024

Vamos premiar o crime?

Os leitores que me desculpem, mas acho que vou parar de escrever, pois constato que cada vez entendo menos o Brasil em que vivemos. Devo estar ficando maluco ou gagá, pois cada vez mais – como diz um amigo lusitano – “minha mente não alcança”.
 
 
Vejam a manchete de O Globo hoje.
“Família de menor infrator vai receber bolsa no Rio”.
 
 
Li e reli sem entender direito. Até aqui no Brasil vigora a impunidade, especialmente quando os crimes são cometidos por “di menores”, mas agora chegamos à perfeição, graças a Benedita da Silva (como posso ter votado nela um dia?): passaremos a premiar o crime.
 
 
Em princípio, a idéia parece até boa. Os menores delinqüentes são, em geral, produtos de famílias problemáticas, desagregadas e pobres (o que nem sempre é verdadeiro), etc. Então a Secretaria de Assistência Social do Estado do Rio se propõe a localizar as famílias dos 1.800 menores infratores e inscrevê-las no programa Bolsa Família do Governo Federal, dando a cada uma delas quantias mensais entre R$ 15,00 e R$ 95,00 de acordo com o grau de miséria.
 
 
Em primeiro lugar e apelando ao reles bom senso, é pouco provável que se tire um menor abandonado ou mal criado das ruas, principalmente dos traficantes, com tal “estímulo”. Roubando um tênis, um Ipod ou traficando, os ganhos desses meninos com o crime em um dia serão muito mais substanciais do que a bolsa oferecida, dividindo-os ou não com a família.
 
 
Mas isso não é o mais importante. A questão principal é outra. Se os criminosos provêm de famílias pobres, a ponto da Bolsa Família ser apontada com solução, a pergunta que salta aos olhos é, por que essas famílias já não estavam inscritas no programa? Pela “solução” de Benedita, a Bolsa Família parece não estar sendo distribuída aos miseráveis do Estado do Rio. Se é assim, qual é a razão disso? Não seria melhor simplesmente ampliar a distribuição da ajuda para tentar prevenir a criação de novos delinqüentes? Pela lógica e razão, a Bolsa Família deveria ser distribuída às famílias que a necessitam e perdida se alguém da família cometer um crime.
 
 
O programa como proposto, digam o que disserem, é um prêmio ao crime, aos pais que abandonam os filhos, ou aos que os maltratam e muitas vezes induzem ao malfeito. Se começarmos a dar Bolsa Família aos “responsáveis” por menores delinqüentes, sem “discriminar” ninguém, ou seja, premiando igualmente menores assassinos ou ladrões de galinha, vamos criar um fato inédito, um atalho.
 
 
No Rio de Janeiro, pais de famílias miseráveis que não recebem a bolsa poderão incentivar os filhos a cometer delitos, pois assim além da impunidade, já garantida por estatuto, serão imediatamente selecionados para receber ajuda pecuniária do governo. Dá para entender? Se alguém puder, por favor, me explique.
 
 
 
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Crédito:Luiz Affonso

Autor:Fritz Utzeri

Fonte:www.montblaat.com.br