Rio de Janeiro, 17 de Maio de 2024

29 de agosto

29 de agosto
PESQUISA REALIZADA EM QUATRO CAPITAIS DO PAÍS MOSTRA QUE DESEJO DE PARAR DE FUMAR É MAIOR ENTRE BRASILEIROS DO QUE ENTRE EUROPEUS
 
Calcula-se que 100 milhões de indivíduos morreram durante o século XX em virtude da dependência de nicotina. Número deve aumentar em dez vezes nos próximos 100 anos, chegando a um bilhão de mortes no século XXI.
 
Cerca de 80% dos fumantes brasileiros querem parar de fumar, sendo este desejo compartilhado por somente 38% dos fumantes alemães, austríacos e italianos; 43% dos fumantes portugueses; 59% dos fumantes franceses; 56% dos fumantes espanhóis; e 66% dos fumantes do Reino Unido.

Esta é uma das principais conclusões de uma pesquisa concluída este ano pela psiquiatra Analice Gigliotti, da CLIFad - Clínica dos Fumantes, Alcoolistas e Dependentes Químicos, do Rio de Janeiro. Foram entrevistados 800 fumantes de quatro capitais brasileiras: Rio de Janeiro, São Paulo, Recife e Porto Alegre. Os hábitos, atitudes e crenças dos fumantes brasileiros foram comparados com os de fumantes de 17 países europeus. De acordo com o último censo, um em cada três brasileiro fuma.

Outro achado importante da pesquisa refere-se à consciência dos fumantes acerca dos malefícios do cigarro: 66% dos tabagistas brasileiros acreditam que "fumar é a maior causa de morte", número superior ao de quase todos os 17 países europeus considerados, com exceção da Dinamarca (76%). Além disso, os fumantes brasileiros demonstraram grande preocupação em relação aos prejuízos causados pelo cigarro a terceiros.

Segundo a pesquisa, os fatores de maior influência nos esforços para se deixar de fumar são, na ordem: preocupação em expor crianças, família e amigos à fumaça do tabaco; aumento das evidências de que o cigarro faz mal à saúde; e também preocupação com o exemplo dado aos filhos, que podem vir a fumar no futuro. Levantamentos realizados recentemente mostram que garotas entre 13 e 17 anos estão fumando mais do que as de gerações anteriores, o que pode até alterar as estimativas feitas pela Organização Mundial de Saúde sobre as mortes causadas pelo cigarro.

Calcula-se que 100 milhões de indivíduos morreram durante o século XX em virtude da dependência de nicotina. Mantidas as tendências atuais, este número deve aumentar em dez vezes nos próximos 100 anos, chegando a um bilhão de mortes no século XXI. "O tabagismo é hoje uma das principais causas evitáveis de mortes em todo o mundo, e as abordagens para motivar os fumantes a largarem o vício devem ser revistas", diz Analice, uma das principais especialistas do país no tratamento da dependência de cigarro.
NÚMERO DE MORTES POR CAUSA DO CIGARRO DEVE AUMENTAR NOS PRÓXIMOS ANOS PORQUE MAIS GAROTAS ESTÃO FUMANDO
Cerca de 90% dos fumantes no Brasil ficam dependentes de nicotina entre os 13 e os 19 anos de idade. Há hoje no país aproximadamente três milhoes de fumantes nesta faixa etária. Sem grandes motivos de comemoração nesta área da saúde pública, o próximo dia 29 é o Dia Mundial do Combate ao Fumo.
Apesar dos maciços investimentos em campanhas antitabagistas, as garotas da geração atual fumam mais do que as da geração anterior. Esta é uma das principais constatações da 12ª Conferência Mundial sobre Fumo ou Saúde, realizada em Helsinque, Finlândia. Presente ao evento, a psiquiatra carioca Analice Gigliotti, uma das maiores especialistas do país no tratamento do tabagismo, também se impressionou com um novo estudo sobre a relação entre cigarro e álcool. "As pesquisas apresentadas mostram que o ato de parar de fumar reduz a chance de um alcoólatra voltar a beber, ao contrário de um mito criado, principalmente nas salas dos alcoólicos anônimos, de que parar de fumar aumenta as chances de um alcoólatra voltar a beber", afirma.
Segundo Analice, uma das diretoras da CLIFad – Clínica de Tratamento de Fumantes, Alcoolistas e Dependentes Químicos, do Rio de Janeiro, foram apresentadas na conferência novidades que aumentam as esperanças de quem quer parar de fumar, além de novos panoramas da prevalência do tabagismo em todo o mundo. Uma das conclusões do encontro, que reuniu mais de quatro mil profissionais de saúde de todos os continentes, é de que é urgente a implementação de políticas mais eficazes para o controle do crescimento da epidemia tabágica. "As campanhas precisam focar mais os jovens, principalmente as mulheres, já que, a cada dia que passa, aumenta o número de garotas que fumam".

Pelo fato de mais garotas fumarem hoje, o número de mortes por problemas causados pelo cigarro pode ser maior do que o estimado pela OMS - Organização Mundial de Saúde – de até 11 milhões ao ano por volta de 2030. A estimativa anterior considerava que as mulheres fumantes eram apenas um quarto dos homens. Entretanto, não é isso o que parece ocorrer na prática. De acordo com os trabalhos apresentados na Conferência de Helsinque, a distância entre fumantes dos dois sexos está caindo em quase todo o mundo. Na África, por exemplo, existe uma mulher fumante para cada sete homens, mas entre jovens de 13 a 15 anos, a proporção é bem maior: uma para cada 2,2.

Tendências semelhantes são verificadas em outros continentes. Na Europa, 33,9% dos garotos e 29% das garotas fumam. Nas Américas, os índices são de 16,6% e 12,2%, respectivamente. Os números mundiais para jovens são 15% e 6,6%. Já na população adulta, as taxas são de 47% e 12%. De acordo com os especialistas, à medida que as mulheres avançam em territórios antes exclusivamente masculinos, acabam assimilando também alguns costumes "típicos de homens", como o hábito de fumar. Cerca de cinco milhões de pessoas morrem todo ano por causa do cigarro e a maioria do contingente mundial de 1,1 bilhão de fumantes vive em países em desenvolvimento.
No Brasil, segundo números do IBGE da década passada, 32,6 % da população brasileira fuma, sendo 11,2 milhões mulheres e 16,7 milhões homens. Um dado alarmante é que 90% dos fumantes ficam dependentes de nicotina entre os 15 e os 19 anos de idade. Há hoje no país aproximadamente três milhoes de fumantes nesta faixa etária. Sem grandes motivos de comemoração nesta área da saúde pública, o próximo dia 29 é o Dia Mundial do Combate ao Fumo.

Crédito:Leonardo Pessanha

Autor:Leonardo Pessanha

Fonte:Universo da Mulher