Rio de Janeiro, 17 de Maio de 2024

DIA DO PERDÃO

Por que será que decidiram atribuir um dia do ano ao perdão?
E por que será que quase ninguém sabe da existência dessa data?
 
Esse dia relembra a história de quando Moisés desceu do Monte Sinai para encontrar Arão e os israelitas que admiravam o bezerro de ouro. Moisés ficou furioso.
 
Em vez de adorar Deus, seu povo estava adorando uma imagem.
 
No auge da fúria, ele jogou os dez mandamentos no chão e quebrou as tábuas de pedra.
 
Moisés voltou para o Monte Sinai em busca do perdão de Deus para os israelitas e pediu novas tábuas de pedra.
 
Deus perdoou os pecados do povo e, com um novo par de tábuas de pedra, Moisés retornou para os israelitas no décimo dia do Tishrei e disse:
 
“E isto vos será por estatuto perpétuo: no sétimo mês, aos dez dias do mês, jejuareis e nenhum trabalho fareis nem o natural nem o estrangeiro que peregrina entre vós. Porque nesse dia se fará expiação por vós, para purificar-vos; e sereis purificados de todos vossos pecados perante o Senhor. É um sábado de descanso para vós, e devereis jejuar; isto é estatuto perpétuo." (Levítico 16:29-31)
Mais do que o jejum de 25 horas (não é permitido o consumo de nenhuma bebida, comida, inclusive água), não trabalhar - entre outras restrições – deve-se fazer um balanço do ano que passou e se arrepender dos erros e transgressões cometidas.
 
Parece fácil, não?
Nem tanto.
 
Ensina o Talmud que, em Yom Kipur, o homem é perdoado pelas transgressões que cometeu contra D'us, mas não pelos pecados que cometeu contra o próximo.
 
Se alguém prejudicar o outro, de alguma maneira, deve pedir perdão e reparar o erro cometido, pois o Eterno não absolve erros ou ofensas que uma pessoa faz em relação à outra, até que aquele que foi ferido a perdoe. Mas D'us, em sua Infinita Misericórdia, dispõe-Se a perdoar o indivíduo que pecou contra Ele.
 
Para limpar os pecados contra outra pessoa, devo falar com ela para buscar uma reconciliação.
 
No mínimo, pedir desculpas por minhas ações e, se possível, corrigir qualquer ato errado que tenha cometido.
De acordo com o judaísmo, pecar contra D'us significa ignorar ou transgredir a Vontade Divina, violando um dos mandamentos da Torá referente o nosso relacionamento com o Rei do Universo.
 
Na Torá, diferentes palavras hebraicas são utilizadas para descrever diferentes tipos de pecado: o termo Chet é utilizado quando o pecado é cometido por erro ou por descuido  (foi sem querer, sabe?) Avon é utilizada quando o pecado é fruto de desejo ou paixão  (ah como desejo!) e Pesha, por um ato de rebelião contra o Criador (tô revoltada sim...só um cadim...só nesses últimos dias...)
 
Por que será que decidiram atribuir um dia do ano ao perdão?
E por que será que quase ninguém sabe da existência dessa data?
 
Não se pode negar: perdoar não é fácil.
 
Perdoar exige nobreza interior, coragem, desprendimento, sinceridade em altíssimo grau.
 
Perdoar necessita de ajuda divina, porque, do lado humano, pesa a memória, insistente e dolorida, que, às vezes, não esquece nunca. Além disso, pode ser também que o ofensor não peça perdão, que não se mostre arrependido, mas até muito satisfeito. Pode ser que ainda repita a mesma ofensa várias vezes. É o risco.
 
“Quantas vezes devemos perdoar, então, Senhor? E Jesus respondeu: Setenta vezes sete” (Mt 18,22).
 
A matemática do perdão gosta de trabalhar com números infinitos, não com frações…
 
Mas o perdão não apenas de dá, mas muito também se pede.
 
Pedir perdão exige pobreza interior (que é igual à nobreza interior), humildade (que é igual à coragem), arrependimento (que é igual a desprendimento), sinceridade em altíssimo grau.
 
Pedir perdão necessita de ajuda divina, por que, do lado humano, pesa a teimosia, a auto-suficiência, o orgulho, insistente e ferido, que, às vezes, só enxerga a si mesmo, só justifica a si mesmo, só ama a si mesmo.
 
Além disso, pode ser que o ofendido não queira perdoar e que se mostre até bem satisfeito em não reconhecer o arrependido.
 
Pode ser também, que o arrependido fique desanimado de repetir tantas vezes a mesma ofensa e de pedir tantas vezes perdão. Não corremos esse risco com Deus.
 
“E Jesus disse: Filho, teus pecados estão perdoados” (Mc 2,5).
A misericórdia de Deus derrama-se generosa e infinitamente.
 
 
 
 

Crédito:Luiz Affonso

Autor:Redação

Fonte:Universo da Mulher