Rio de Janeiro, 23 de Abril de 2024

Reflexões sobre o câncer de mama na mulher

Para a maioria das mulheres, talvez não haja doença mais assustadora que um câncer mamário.
A mulher não está doente, mas descobriu um caroço no seio na hora do banho ou recebeu a notícia do nódulo em um ultrassom ou mamografia de rotina.
 
Por mais que o médico procure tranquilizá-la dizendo que a biópsia com agulha é procedimento rotineiro nesses casos, a insegurança e o medo se instalam em seu espírito.
 
Auto-exame mensalmente e aparelhos com tecnologia avançada, são as armas para se detectar nódulos mamários.
 
Nódulos e tumores dividem com a forma estética o centro das atenções femininas.
 
Qual a mulher não ficaria apavorada com a presença de um ‘caroço’ estranho no seio?
 
Pergunta o mastologista Henrique Alberto Pasqualette, diretor do Centro de Estudos e Pesquisas da Mulher.
O câncer de mama é um sério problema de saúde pública em todo o mundo.
 
Portanto, não é à toa que as inovações surjam a todo instante nesta área.
 
Do mais avançado aparelho para detectar um nódulo mamário, as modernas técnicas de tratamento e drogas anticancerígenas e o desenvolvimento de novas próteses com menos riscos e efeitos colaterais.
 
As novas tecnologias utilizadas para o rastreio de nódulos bem pequenos, como a Tomossíntese mamária, ainda é pouco conhecida pelas mulheres.
 
Em fevereiro de 2013, após dois anos de estudos, sai os primeiros resultados da pesquisa que foi realizada em mais de 2000 mulheres no Cepem, entre rastreio e diagnóstico através do exame tomossíntese com resultados impressionantes
 
Apesar de toda a evolução tecnológica, da criação de aparelhos que detectam tumores malignos ainda em estágio inicial (tomossíntese), da descoberta de novos medicamentos e do avanço da medicina genética, uma das principais causas de morte de mulheres no Brasil ainda continua sendo os tumores malignos de mama.
 
No entanto, este tipo de doença, se for detectada precocemente, tem elevados índices de cura, algumas vezes chegando perto de 100%.
 
Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCa) revelam que as taxas de mortalidade por câncer de mama no Brasil continuam elevadas, muito provavelmente porque a doença ainda é diagnosticada em estágio avançado.
 
O câncer de mama é o que mais afeta as mulheres e, se descoberto cedo, as chances de cura chegam a até 95% dos casos.
 
As estatísticas apresentam um aumento significativo dos tumores de mama a partir dos 35 anos de idade.
 
Os números crescem de acordo com a elevação da faixa etária. Ou seja, a doença é mais frequente em mulheres entre os 40 e 70 anos.
 
E o diagnóstico em estágio avançado é um dos principais fatores para a alta taxa de mortalidade.
 
Mais de 70% dos casos no Brasil são diagnosticados tardiamente, quando o tumor atingiu mais de cinco (5) centímetros.
 
Neste estágio, apenas 30% das mulheres são curadas e é necessária a retirada da mama.
 
Se o diagnóstico é feito quando a lesão ainda for palpável, o índice de cura atinge os 100%, sem necessidade de amputação mamária.
 
Esse número já diminui um pouco no estágio em que o “caroço” pode ser detectado por meio da apalpação, ou seja, com lesões pequenas, de até 1,0 a 1,5 centímetros, onde cerca de 70 a 80% das mulheres são curadas.
 
O fator hereditário é responsável por 5% entre as várias causas de doenças mamárias maligna.
 
A melhor forma de avaliar sua propensão genética a ter um destes tumores no seio é fazer o heredograma, que também é conhecido como árvore genealógica ou pedigree. A partir da observação de casos em sua família (irmãs, tias, mãe ou avó), é possível avaliar a predisposição de se vir a ter a doença.
 
Uma família em que a mãe já teve câncer de mama antes da menopausa, o ideal é que a filha comece com tratamento preventivo 10 anos antes da idade em que a mãe apresentou aquele câncer, Exemplo: se sua mãe apresentou um câncer de mama diagnosticado aos 39 anos, o ideal é que comece seu exame preventivo aos 29 anos. Mas não são todos os cânceres de mama que tem origem genética.
 
Uma das características do câncer hereditário é o aparecimento em idade jovem antes da menopausa, câncer de mama atingido as duas mamas, câncer de mama em homem e câncer de mama e ovário em mais de três gerações.
 
A Tomossíntese é um equipamento avançado de última geração com imagem tridimensional. Atualmente é o método mais moderno para diagnóstico do câncer de mama. Ele possibilita observar o tecido mamário em várias imagens, o que antes não era possível na mamografia digital.
 
 “Essa técnica permite ao médico uma grande ampliação e visualização de deformações antes escondidas. A diferença entre as imagens feitas pela mamografia digital e a Tomossíntese, podem ser comparados à diferença de uma imagem 2D para uma de 3D”, diz o mastologista Henrique Alberto Pasqualette, diretor do Centro de Estudos e Pesquisas da Mulher (Cepem), do Rio.
 
Segundo o especialista, essa tecnologia avançada elimina a superposição de tecidos, melhora a visualização dos contornos das lesões e aumenta entre 10% e 15% a detecção da doença, de acordo com estudos iniciais.
 
 “Permite também ao médico, ampliar sua capacidade de visualizar alterações antes escondidas nas imagens em 2D. Isso representa um resultado de até 85% de acertos em relação aos equipamentos mais modernos e diminui o número de biópsias desnecessária para confirmação de diagnóstico”, esclarece o especialista.
 
Mesmo que a mulher não tenha histórico de câncer de mama na família, ela deve fazer sempre o autoexame e, depois dos 35 anos, mamografias periódicas.
 
Os médicos dizem, porém, que, com histórico familiar de câncer, os cuidados devem ser redobrados.
 
Nesse caso, entre os 35 e 40 anos, a mulher deve fazer uma mamografia de base para futuras duas mamografias.
 
Depois dos 40, no entanto, o exame deve passar a ser feito anualmente.
 
 
Henrique Alberto Pasqualette
Diretor do Centro de Estudos e Pesquisas da Mulher
Presidente da Comissão de Imaginologia Mamária Febrasgo
Mestre em Medicina pela UFRJ
Membro da Academia SBI Americana (Society of Breast Imaging) e EUSOBI (European Society of Breast Imaging)
Autor do livro Mamografia Atual - Editora Revinter
www.cepem.med.br

 

Crédito:Luiz Affonso

Autor:Ana Bezerra e Tatiana Domingues

Fonte:Universo da Mulher