Por Aléssio Calil Mathias
Em algum momento depois do nascimento do filho vem aquela sensação de estranheza e de que nada será como antes.
Isso pode acontecer ainda na maternidade, em casa, depois da primeira noite insone, no primeiro passeio na rua...
Não existe um momento preciso para a mãe nascer.
A sensação, a princípio, não é boa nem ruim, só é diferente.
Aos poucos, a mulher vai se dando conta de que nada será como antes, porque ela mesma é uma pessoa completamente nova.
É claro que vai continuar cultivando seus defeitos e suas qualidades, características que já tinha antes de a barriga crescer... Mas às qualidades, vão se somar outras.
Por isso, não precisa se assustar com a nova fase.
É natural levar um tempo até se adaptar a esse novo papel.
A mudança na vida ocorre principalmente porque a maternidade é a primeira experiência irreversível da vida adulta.
Você, com certeza, já ouviu dizer que filho é para sempre.
Se por um lado dá um certo medo, por outro, vem o prazer de saber que essa felicidade de ter um filho por perto não vai acabar, vai permanecer por muito tempo.
Durante a gravidez, a mãe já começa a criar uma ligação com o bebê.
Mas é sem dúvida depois que ele vem ao mundo que ela também nasce como mãe.
É o contato físico e a convivência que fazem surgir o amor materno.
Esse amor, que apesar de incondicional, tem suas contradições. Lidar com sentimentos opostos é um dos grandes desafios dessa nova fase.
Uma das primeiras sensações que aparecem com a maternidade é a de onipotência.
A mãe, e só ela, sabe o que é bom para o bebezinho.
Mas, ao mesmo tempo, vem a insegurança, a dúvida de estar fazendo a coisa de modo certo...
Não é de se estranhar esta confusão...
Não existe curso que ensine a ser mãe.
As mulheres são todas autodidatas neste assunto.
Não podia ser diferente.
Apesar da falta de manual, o organismo da mulher, desde a adolescência, se prepara todo mês para a maternidade.
Quando isso realmente acontece, vem a sensação de plenitude.
Para muitas, ser mãe é também uma forma de lutar contra a solidão e a angústia da morte. Com um bebê nos braços é impossível sentir-se só.
É importante que essa mãe que nasce junto com o filho, amadureça com ele.
A maternidade é uma oportunidade maravilhosa de se transformar, de livrar-se de preconceitos, de olhar o mundo com outros olhos, ternos como os do filho.
O autor é ginecologista e obstetra, dirige a Clínica Genesis, em São Paulo.
Para saber mais sobre os cuidados com a saúde da gestante, acesse a coluna do Dr. Aléssio Calil Mathias no site Minha Vida:
Crédito:Márcia Wirth
Autor:Aléssio Calil Mathias
Fonte:www.clinicagenesis.com.br