Rio de Janeiro, 18 de Maio de 2024

Pitbulls e Rotweilers

Nos meus tempos de menina existia um departamento da prefeitura encarregado de prender cachorros soltos pelas ruas. Sem aviso prévio passava a “carrocinha” pelo Leblon, arrebanhando os cachorros vadios. Lembro-me que a garotada ficava em  polvorosa ao mínimo anúncio da chegada da “carrocinha”. Haviam-nos dito que os coitados eram transformados em sabão, o que nos perturbava e nos fazia pensar em abrir a porta da prisão, agir como justiceiros.
 
Hoje em dia não vejo vira-latas pelas ruas do Leblon, já não passam as “carrocinhas”. O que vejo, e muito, são cães conduzidos por seus donos ou empregados.
 
 
Não entendo de raça canina, portanto não distingo rotweillers, pitbulls e outras consideradas violentas, perigosas. Mas as agressões, por vezes fatais, são comuns. Volta e meia os jornais exibem fotos de violência, põem a boca no mundo. E daí? Nada acontece, os ataques continuam, os donos das feras ficam impunes. Eles usam e abusam da falta de cumprimento das leis em nosso país. No dia 13 próximo passado, uma menina de quatro anos morreu após  ataque de dois cães da raça pitbull, em Ubatuba.
 
 
E no dia 17 uma menina de oito anos e um menino de nove foram atacados, respectivamente, em Taubaté e na Vila Itaim, leste de São Paulo. Estes não morreram, mas carregarão as marcas por toda a vida. E quantos casos acontecem sem que sejam divulgados?
 
 
No ano passado os jornais noticiaram que uma criança de três anos, brincando na praia do Leblon, foi agredida por um boxer. A mãe ao reclamar, acabou ameaçada pelo dono do animal. Reclamar a quem? O PM joga a bola para o guarda municipal, o guarda retorna ao PM, e este devolve a bola ao dono do cachorrão. E assim vai o ovo quente no seu caminho vicioso infinito, sem vergonha porque sem lei. E onde fica o direito do ser humano à vida? E onde fica a responsabilidade dos donos, muitos deles filhinhos-de-papai, desses animais mortíferos?
 
 
A Sociedade de Defesa dos Animais toma a defesa dos bichos, sejam quais forem. É compreensível, mas é preciso também que se diga que para tudo na vida existe bom senso. Não estou com isso afirmando que a nós, seres humanos, seja permitido maltratar os animais, não é por aí. Mas convenhamos, qual o sentido de ser agredido ou morto por um cachorro? Por que não colocarem, os donos, as focinheiras que representam segurança para quem vagueia por perto, nos seus “cachorrinhos de estimação”?  Existe lei para isso, mas nem haveria necessidade se os donos respeitassem o próximo, entendessem o sentido da vida. Agressão com morte é considerada homicídio culposo. No entanto, os casos de agressão e morte se sucedem sem que seja tomada a devida providência como reza a lei.
 
Afinal de contas não estamos em terra de ninguém, nem no faroeste. Ou estamos?
 
 
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Montbläät - Um Jornal para entender o Brasil
Rio de Janeiro – 24 a 30 de agosto de 2007
Ano III Nº 252

 
 
 
 
 

Crédito:Luiz Affonso

Autor:Maria Helena Whately

Fonte:www.montblaat.com.br