Rio de Janeiro, 18 de Maio de 2024

O sucesso do avestruz

Hora da decolagem

Entre erros e acertos, a estrutiocultura cresceu e caminha para a consolidação apoiada em um mercado promissor para carne, couro e plumas

Texto Janice Kiss
Fotos Ernesto de Souza

FICHA DO BICHO
Nome científico Struthio camelus
Origem África do Sul
Espécies african black, red neck e blue neck
Tempo de vida até 70 anos em criações comerciais
Altura 2,20 metros
Macho cor preta
Fêmea cor cinza
Peso 90 a 120 quilos
Produção de carne 35 quilos/ave
Produção de plumas 1,3 quilo/ave
Outras curiosidades: tem asas, mas não voa. Em compensação, corre numa velocidade de 60 km/h

Há seis anos aparecia no Brasil uma ave desengonçada, de pescoço enorme, com mais de 2 metros de altura e 100 quilos de peso. O tamanho de sua esquisitice era proporcional às expectativas depositadas nas criações que começavam a se formar. Afinal, o avestruz, bicho exótico, originário das regiões secas da África, desembarcou com toda a pompa e a promessa de disputar com bois, frangos, porcos e outros animais o cobiçado mercado de proteína animal, concorrendo páreo a páreo com a pecuária nacional, atividade de larga tradição no país, explorada profissionalmente há mais de três décadas.

Numa campanha avassaladora, os novos criadores atocharam os potenciais consumidores de informações sobre as vantagens da carne, que é vermelha e tem menos colesterol e calorias que a de peru, por exemplo; e com as possibilidades de lucro com a exploração de subprodutos como couro e plumas. O argumento mais usado, na comparação com a pecuária tradicional, era o de que 20 aves cabem no mesmo lugar ocupado por um único boi. "Relações inadequadas como essas não faltaram", confessa Celso Carrer, presidente da Acab – Associação dos Criadores de Avestruzes do Brasil, com sede em São Paulo, SP.

Lupifieri pai e filho vendem carne e apostam no marketing, como a corrida de animais

A venda de ilusões e a ansiedade pelo lucro fácil, e de preferência a curto prazo, marcaram a jovem atividade. A maioria dos que investiram em avestruzes não estava preparada para enfrentar os três grandes problemas da estrutiocultura nacional, enumeradas pelo presidente da Acab: entre 1997 e 1998, a suposta presença, não confirmada, da new castle, virose que ataca o sistema nervoso e levou muitos criadores a sacrificar o plantel ou parte dele, por precaução, e mais de 1.000 aves foram mortas. A decisão do Ministério da Agricultura de proibir a importação de animais adultos (liberou apenas a entrada de ovos férteis e pintos de um dia), como medida de controle da saúde do plantel; e, mais recentemente, o escândalo provocado por empresas que vendiam mas não entregavam os animais.

Quem resistiu, depois de começo tão amargo, aguarda por desfrutar um mercado mais estável, longe de aventuras e especulações. O maior indicador do desenvolvimento da estrutiocultura brasileira é o aumento do plantel nacional, que pulou das 500 cabeças iniciais para 50 mil, atualmente, e que estão nas mãos de 800 estrutiocultores espalhados pelo Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste do país, conforme dados da Acab. "Ainda temos muito potencial para crescer", analisa Celso Carrer. O criador José Roberto de Lima é um desses exemplos de persistência e otimismo. Ele acredita na viabilidade comercial da atividade, mas não se apressa. Comedido, sempre procurou fazer da prudência o seu guia. "Só podemos pensar em mercado estável daqui a uns três anos. Primeiro, é preciso cuidar da formação das matrizes", recomenda.

José Roberto prefere a calma para conquistar o mercado

Assim como a maioria dos criadores, José Roberto, dono do Reino do Avestruz, propriedade instalada no município de Bofete, a 150 quilômetros de São Paulo, tem outra profissão. É farmacêutico, mas durante seus 20 anos de trabalho sempre acalentou o sonho de se dedicar à vida rural. Mas não de qualquer jeito, ao sabor do vento. Quando decidiu pôr seus planos em prática, contratou uma consultoria agronômica que lhe indicou o avestruz como a melhor opção. Isso aconteceu há dois anos, mas ele não se assustou com as confusões que já rondavam o setor. Junto com a filha Samanta, seu braço direito no negócio, foi conhecer de perto fazendas brasileiras, antes de viajar para África do Sul, Israel, Estados Unidos e Espanha, tradicionais criadores da ave. Surpreenderam-se com o estágio dos criatórios, mais avançados do que aqueles que conheceram, recolheram técnicas com potencial de adaptação às condições nacionais e voltaram dispostos a implantar o que pesquisaram.

Já no Brasil, a primeira providência foi comprar a propriedade, de 120 hectares, numa área quente, de baixa umidade e índice de chuvas, essenciais para o animal que é rústico, tem suas particularidades e não pode ser tratado como uma galinha grande. O passo seguinte foi projetar o espaço para a criação – hoje o plantel é de 270 animais – com piquetes separados para adultos e filhotes, área de reprodução e incubatório. Ele tem também três parcerias com fazendeiros de Brasília; de Presidente Prudente, interior de São Paulo; e de Nova Ponte, em Minas Gerais.

EXPERIÊNCIAS E IMPREVISTOS
Amilton Vieira
O casal pioneiro: Beto e Claudia Figueiredo
A primeira fazenda de avestruz no Brasil foi montada há cinco anos pelo casal Carlos Roberto e Claudia Figueiredo, em Cezarina, cidade próxima a Goiânia. Na época, eles saíram da Austrália - lá também trabalhavam com estrutiocultura - e tentaram conquistar outros seguidores por aqui. Experiências tinham de sobra, pois conheciam o comportamento dos animais na palma da mão. Mais do que isso, fizeram parte de um período onde foi despertado o interesse pela criação no país (leia "Exótico e rentável", edição 145, novembro/97).

No entanto, se ainda hoje existem dificuldades, o início foi muito pior. A propriedade em Cezarina ficou pequena para acomodar as primeiras crias, além dos problemas de infra-estrutura como estrada de acesso e falta de energia elétrica. Para completar, a segunda sociedade de Carlos Roberto numa fazenda, em Sergipe, não deu muito certo.

A solução encontrada pelo casal foi passar para a outra fase do projeto e fazer da Billabong Ostrich uma produtora de equipamentos nacionais para incubação de ovos, pois os criadores precisam recorrer à importação. A empresa está instalada em Ribeirão Preto, no interior paulista, de onde são vendidas as máquinas para várias regiões. Há sete meses, porém, o casal voltou para a Austrália com o intuito de se aperfeiçoar em técnicas de abate e de comercialização. Segundo eles, é preciso estar preparado para o próximo momento da criação no Brasil. "Chegou a hora da decolagem ou será uma atividade que não deu certo como em outros países", analisa Carlos Roberto.

De forma alguma a declaração desse conhecedor de avestruzes soa ao desestímulo. Hoje em dia existem fazendas especializadas como a Eldorado, na cidade de Caldas, sul de Minas Gerais, que comercializa animais jovens, além de matrizes. Quem é iniciante na atividade pode comprar os filhotes de 3 ou 4 meses de idade até adquirir experiência. "Nessa fase, a chance de não ter êxito é muito grande", alerta o estrutiocultor Leandro Ockner, e sócio da empresa, que também recomenda o uso de instalações simples. Novatos ou não, algumas orientações são básicas para quem entra nessa criação:

Compre filhotes com idade acima de 3 meses, pois são mais resistentes. Avalie, ainda, se os animais têm olhar inquisitivo, pescoço ereto, cabeça erguida, pernas e dedos alinhados, boa cobertura de penas e altura entre 1,10 e 1,30 metro.

Se comprar filhotes com idades entre 6 e 18 meses, leve em conta as considerações anteriores. Aos 6 meses, um avestruz bem desenvolvido deve apresentar massa corporal três a quatro vezes superior aos de 3 meses de idade. Ao completar 1 ano, o tamanho é quase ao de um animal adulto, porém, não existe nenhuma garantia de que serão bons reprodutores. A maturidade sexual só acontece entre 2 e 3 anos de idade.

Cuidado redobrado ao comprar reprodutores. Com exceção da África do Sul, a criação é relativamente recente em todo o mundo. Preste atenção nos exageros: uma boa fêmea reprodutora coloca em torno de 45 ovos por ano. Optar por esse tipo de compra significa produção imediata de ovos, o que implica aquisição de equipamentos e local adequado para a incubação. Os prejuízos são certos para quem não domina esse processo.

Área necessária para a criação:
De 0 a 3 meses: abrigo de 1 a 3 metros quadrados por cabeça. Área externa de 20 a 100 metros quadrados por cabeça.
De 6 a 20 meses: 20 a 25 cabeças por hectare.
Adultos: 600 metros quadrados por cabeça.

Os abrigos precisam receber o máximo de ventilação possível. O piso não pode ser escorregadio e deve ser de fácil limpeza.

 

MUNDO AFORA

Mesmo com tanta pesquisa e assessoria (passou a dar cursos para candidatos a estrutiocultor), foi impossível não cair em erros, como superdimensionar algumas instalações e acreditar que os 3 milhões de reais investidos retornariam, no máximo, em dois anos. Pai e filha entenderam que, antes de mais nada, é imprescindível buscar referências para o próprio trabalho. Além disso, aprenderam que não é possível assimilar em tão pouco tempo os 50 anos de experiência de países europeus com tradição no setor ou os 100 da África do Sul, o mais avançado centro de criação de avestruz no mundo.

No início do século passado, os sul-africanos, que dominam atualmente 85% do mercado mundial de carne e derivados, eram especialistas na produção de plumas. Selecionaram um dos três tipos principais da espécie, o african black – os outros são o red neck e o blue neck –, para aumentar a produção sem atinar, obviamente, para o que viria: depois das duas grandes guerras, de nada valiam as plumas para os países importadores, que precisavam ser reconstruídos. "Foi a época do grande colapso da estrutiocultura no continente", explica Miriam Giannoni, professora aposentada da Unesp - Universidade Estadual Paulista, campus de Jaboticabal, interior de São Paulo (leia "O diagnóstico da doutora"). O renascimento, segundo Miriam, veio da genética. Os sul-africanos selecionaram 32 mil dos 800 mil animais existentes na época para aprimorar o plantel e passaram a investir nos subprodutos. Hoje, a criação está baseada na produção de couro (de 70% a 75%), carne (20% a 25%) e plumas (apenas 5%). O avestruz recuperou seu status e, na década de 90, ocupava o nobre lugar de segundo colocado no PIB africano.

Histórias como essas e o próprio trabalho sempre serviram para os proprietários do Reino do Avestruz reavaliar a direção tomada. É certo que José Roberto e Samanta nunca se deixaram seduzir por fantasiosas propagandas. Eles fincaram firmemente os pés no chão, pois os primeiros anos são voltados à implantação da criação e aprendizado. Afinal, nada como o dia-a-dia para entender o comportamento dessas aves que correm mas não voam e estão prontas para o abate entre 11 e 14 meses, com cerca de 130 quilos. "Muita gente acha meus cursos azedos porque insisto nos detalhes, na importância da planificação e na necessidade de crescimento gradativo", comenta José Roberto.

Peças de couro e plumas fazem parte de um cobiçado mercado

Talvez ele não esteja de todo errado porque não é fácil aguardar pelo retorno de investimentos num mercado ainda em formação que, por enquanto, se estabeleceu com a venda de filhotes, que valem 1.200 reais, e de aves adultas, de 7 a 8 mil reais. "Somos (os criadores brasileiros) um pequeno grupo, mas desarticulado. Não conseguimos ainda nos organizar satisfatoriamente", critica. José Roberto cita o modelo espanhol baseado no cooperativismo como interessante experiência, mas, por enquanto, o que impera no Brasil é a concorrência pura e simples. O Reino do Avestruz centra sua produção na venda de animais – filhotes e adultos –, em projetos de instalações e em sistemas de hospedagem: quem não tem terra deixa a ave alojada por lá. "O número é limitado e só acontece se o interessado submeter os animais a um protocolo de sanidade", alerta.

Há, no entanto, quem ache que a ausência de agilidade é a maior vilã para a formação de um mercado estável. O industrial Maurício Lupifieri engrossa o coro dos que têm essa opinião. Não é à toa que sua propriedade, a Aravestruz, localizada em Araçatuba, a 519 quilômetros de São Paulo, foi a primeira a realizar o abate de animais no país. "Só podemos falar das vantagens da carne sobre as outras, se tivermos o que oferecer", analisa. Desde o mês de abril do ano passado, ele envia 200 quilos por mês para a Churrascaria Rodeio – um prato não sai por menos de 55 reais –, e para o supermercado Casa Santa Luzia, ambos na capital paulista.

A tentativa é fazer frente ao produto importado, geralmente da França e da Espanha, mas o preço brasileiro é tão salgado quanto o de seus concorrentes: o quilo custa 80 reais. Para aproveitar outras partes que não rendem um corte nobre (extraem-se 35 quilos de carne da coxa e da parte traseira, principalmente), a fazenda de Araçatuba também processa picadinho e carne moída.

TABELA NUTRICIONAL
Cálculo por 80 gramas de carne
  Caloria (kcal) Gordura (%) Colesterol
(mg)
Avestruz 140 2,8 83
Boi 211 9,3 86
Frango 190 7,4 89
Porco 212 9,7 86
Fonte: AOA – American Ostrich Association

Divulgação Aravestruz
Por enquanto, o abate é apenas experimental. Cada animal rende 35 quilos de carne concentrada nas coxas e no traseiro

NO AGUARDO

Quem quer produzir carne deve, primeiro, verificar a legislação. Por enquanto, o Mapa – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento permite apenas abate experimental, com aval do SIF – Serviço de Inspeção Federal. A razão é bem simples. Por falta de conhecimentos profundos sobre a atividade, a regulamentação ainda não foi concluída. Falta implantar normas sobre a desossa, definir quais peças devem seguir para análise microbiológica, verificar se vale adotar procedimentos já aprovados na avicultura etc. Alguns desses estudos devem ser finalizados somente no segundo semestre deste ano, segundo a Acab. O presidente da entidade, Celso Carrer, espera pela definição o quanto antes, mas descarta, de antemão, a popularização dos produtos do avestruz. Em sua opinião – ele é sócio da Brasil Ostrich, criatório instalado em Piraçununga, interior de São Paulo –, a carne pode ser bem mais acessível no futuro. "Será um produto diferenciado, como a capivara e o jacaré, com preço mais baixo", imagina.

O dono da Aravestruz acredita em outro destino. "O hambúrguer já foi novidade um dia", diz Maurício Lupifieri. A crença na expansão da estrutiocultura brasileira é do tamanho de sua antiga resistência. Seus filhos, Hélio e Júnior, cansaram de levar sonoros "nãos" quando tentavam convencer o pai a trocar a bovinocultura, no Mato Grosso, por essas aves grandalhonas. Mas, afinal, venceram pelo cansaço. Primeiro, Lupifieri foi experimentar a carne em um restaurante. "Acreditaria se me dissessem que era de boi", conta. Depois, partiu para a profissionalização: os filhos viajaram para os países que têm experiência no assunto e, entre idas e vindas, instalaram-se em Araçatuba numa área de 150 hectares que tem 2.500 animais e consumiu 5 milhões de reais de investimento.

CONCORRÊNCIA

O propósito da família Lupifieri é dominar toda a cadeia produtiva – carne, couro e plumas – e tornar a ave mais conhecida no Brasil, seja através da promoção de corridas, da participação em programas de televisão ou abrindo a propriedade àqueles que têm avestruz ou querem tê-lo mas não possuem terra. Com aluguel de 70 reais por mês, o "inquilino" pode manter o animal na sua fazenda. Quem não tem incubadora também pode levar os ovos até lá para serem chocados. A incubação dura de 41 a 43 dias.

Com tantas estratégias, pai e filhos não podem deixar de acreditar no futuro. "Se europeus e americanos consomem carne de avestruz habitualmente, por que não os brasileiros?" A possibilidade existe, porém outros criadores preferem a cautela. O preço em vários países é pouco menor ou igual ao da bovina, que custa em média de 15 a 20 dólares. Duro mesmo é competir, aqui, e com um bom pedaço de picanha, que não passa de 15 reais o quilo.

O DIAGNÓSTICO DA DOUTORA
Dúvidas? Pergunte a Miriam Giannoni, que alerta: "Prestem atenção na mortalidade dos filhotes"

A veterinária Miriam Giannoni é uma paraibana arretada. Quando surgem congressos e palestras sobre a criação de avestruzes, não é preciso perguntar se foi convidada. Acontece que ela é doutora em Genética e Melhoramento Animal e uma das poucas estudiosas sobre o comportamento dessa ave e de sua "meia-parenta", a ema, estrela de primeira grandeza no Uruguai e na Argentina. Há 13 anos, a doutora Miriam pesquisa o desenvolvimento da estrutiocultura no Brasil e em outros países. Mas nem sempre os criadores brasileiros gostam de ouvir o que ela tem a dizer.

Às vezes, Miriam é ácida e aponta erros que não precisavam ser cometidos. "Poderíamos nos beneficiar com as experiências dos outros lugares", explica. Um deles é com a formação do plantel. Na sua opinião, ainda é hora de selecionar boas matrizes e deixar o comércio da carne, do couro e das plumas para outro momento. Mesmo porque são segmentos diferentes de mercado. Se o objetivo são as plumas, é necessário aplicar um tratamento diferenciado à ave que deve ser do tipo african black, pois é mais dócil. A coleta é feita somente nos machos com idade entre 3 e 12 anos e apenas uma vez por ano. Entretanto, é bom não esquecer que os africanos são mestres no assunto e montaram uma tabela de classificação com 200 categorias. Se o animal tem maior número de plumas, significa também que o couro é melhor. Ele é avaliado de acordo com a quantidade e a uniformidade de poros. Dependendo de como foi processado, uma peça de 0,9 a 1,1 metro quadrado é comercializada de 200 a 6 mil dólares.

Outra preocupação da professora é o atropelo das etapas de trabalho. Ela sempre procura mostrar as atitudes erradas de outros países como o desabastecimento de carne, num determinado período, nos Estados Unidos, por conta de excessiva campanha de marketing. Quando o consumidor foi aos supermercados, não havia quantidade suficiente para atender a tanta demanda. "O produto cai em descrédito com desastres assim", explica. A Austrália, em outra ocasião, passou a abater seu plantel o mais cedo possível, e até hoje os produtores de lá enfrentam problemas com a falta de animais. "Agora, pergunto: por que cair no mesmo erro?"

A doutora explica que, antes de mais nada, é preciso diminuir o alto índice de mortalidade por aqui – entre 50% e 80% dos filhotes morrem antes de entrar na fase adulta (a taxa de natalidade é de 8 a 10 por fêmea/ano). A solução é cuidar bem do manejo. "Até os 4 meses, os avestruzinhos precisam ser tratados com todo o zelo", recomenda. Isso significa protegê-los da umidade, e áreas quentes como as do Nordeste, com baixo índice de chuvas, são ideais para a criação. Segundo ela, é preciso cuidar dos problemas sanitários, especialmente com a bactéria Escherichia coli, que se instala no intestino dos animais e pode matá-los em situações de alimentação e clima inadequados, por exemplo.

A insistência de Miriam é para que os criadores conheçam melhor seus bichos e as formas de tratá-los, pois cada lugar tem seus métodos. Alguns produtores portugueses acreditam, por exemplo, que filhotes ao lado da mãe se tornam mais resistentes. Na África, os animais são soltos a campo, num espaço delimitado, e recolhidos depois numa cabana sobre rodas que anda junto com a criação. Se tudo for feito a seu tempo, quem ganha é o estrutiocultor, que trabalha com um animal rústico que come ração e capim e os transforma em proteína de alta qualidade (veja tabela nutricional). Conforme projeções da empresa Giannoni Consultoria, a renda bruta da atividade pode ser calculada em 720 reais por ave abatida (entre 12 e 14 meses). Cada animal adulto rende 35 quilos de carne (455 reais); 1,2 metro quadrado de couro (200 reais); e 1,3 quilo de plumas (65 reais).

Crédito:Anna Beth

Autor:Janice Kiss

Fonte:Globo Rural