O negão Edmilson quase teve uma crise nervosa outro dia. O rapaz, que trabalha na Paradise Dog como passeador de cachorro, jura que só levou susto maior durante as várias sessões em que viu A lenda do cavaleiro sem cabeça, seu cult filme. Chamado para dar banho na cadela poodle na casa de uma cliente, ele ficou estatelado quando a moça, um pedaço de mau caminho, abriu a porta bem à vontade e disse: O banho não é no cachorro é em mim.
Casado, com dois filhos, ele recusou gentilmente o convite.
Pensei que era uma pegadinha do Faustão, mas quando vi que era de verdade me mandei.
Casado, com dois filhos, ele recusou gentilmente o convite.
Pensei que era uma pegadinha do Faustão, mas quando vi que era de verdade me mandei.
É preciso domar o entusiasmo das mulheres
Nascido em Porciúncula, onde moram a mulher e filhos, Edmilson Francisco da Silva, de 30 anos, diz que aprendeu a controlar o desejo nesses 14 anos de coleira. Além do trabalho que tem com os cães, ele ainda tem de domar o entusiasmo das mulheres.
Elas puxam papo, pedem o telefone do dog e eu, que sou meio roceiro, fico com vergonha.
Quando a mulher é bonita, seu coração balança. Mas ele jura que não cede à tentação.
Tem que segurar a libido..
Em tempos de economia informal, descobre-se que passear com cachorro de madame pode render um dinheiro extra e, de quebra, quem sabe, rolar uma azaração. Quem descobriu a nova profissão foram os argentinos, há alguns anos. Não havia quem fosse a Buenos Aires e não se encantasse com os apetitosos rapazes e seus maravilhosos cachorros de raça passeando pelos bosques de Palermo e adjacências. No Rio a moda pegou agora. Em Ipanema ou no Leblon, onde a categoria dos dogs walkers iniciou suas atividades, os rapazes e seus músculos sarados à mostra são um show à parte. Os olhos espantados das pessoas percorrem aquela fila de oito a doze bichinhos de estimação e, claro, acabam subindo pelas pernas musculosas, passam pelo bíceps do cachorrão, sobem mais um pouco e avaliam os peitoris trabalhados em academias. Não é raro ouvir gracinhas do tipo qual é o telefone do cachorrinho? E não é para menos. Além de altos, fortes e sarados, o figurino dos dogs walkers inclui sempre shorts curtíssimos, bermudas e as famosas camisetas amarradas na cintura.
Parece que os meninos estão ganhando, dia a dia, mais admiradores. Até na novela das oito, Mulheres apaixonadas, há espaço para uma passeadora, a Edwiges, interpretada por Carolina Dieckman. O autor Manoel Carlos conta por que resolveu colocar uma passeadora na novela:
É uma atividade rica de acontecimentos. Meu filho tem um maltês que não sai para passear.
Na vida real é preciso muque para enfrentar a profissão. Passear um cachorro pequeno é uma coisa. Levar pela coleira dez cães de grande e médio portes é diferente.
Marcos Barbosa, um fortão de olhos verdes que já foi pára-quedista e vendedor, concorda:
Passear com labrador é como uma sessão de musculação. Não é preciso fazer exercícios, só segurar o bicho pela coleira.
Marcos cuidava dos cães dos tios na Zona Sul e começou a chamar a atenção dos vizinhos. Todos elogiavam o vidão dos totós. Ele percebeu a oportunidade e imprimiu cartões que distribuía:
Eu não tinha muito estudo mas tinha intimidade com cachorro. Mandei ver nos cartões e os bichos pintaram.
Ele conta que os piores momentos são quando o seu bando de cães encontra fêmeas na rua:
Elas vêm direto em cima por causa do cheiro. Tem que ter pulso para segurar 10 cães de uma vez.
Para agüentar o tranco, basta pegar umas ondas no Arpoador e dançar na Fix, na Rua das Marrecas, no Centro do Rio. A namorada tem ciúmes:
Isso atrapalha um pouco.
Renato Elias, 18 anos, quer ser veterinário.
Como gosto muito de cachorro associei meu trabalho ao que gosto. Hoje tenho seis animais das raças labrador e cocker spaniel. É mais fácil lidar com o labrador porque ele é calmo. O cocker é muito ativo e exige demais dos músculos.
Renato é paqueradíssimo. Ele conta que costumava levar o cachorro de uma cliente para passear e a filha dela acabou se apaixonando por ele.
Ela começou a me telefonar direto. Levei na brincadeira e ela parou. Não namoro cliente. Além de ter namorada não misturar as estações.
Nascido em Porciúncula, onde moram a mulher e filhos, Edmilson Francisco da Silva, de 30 anos, diz que aprendeu a controlar o desejo nesses 14 anos de coleira. Além do trabalho que tem com os cães, ele ainda tem de domar o entusiasmo das mulheres.
Elas puxam papo, pedem o telefone do dog e eu, que sou meio roceiro, fico com vergonha.
Quando a mulher é bonita, seu coração balança. Mas ele jura que não cede à tentação.
Tem que segurar a libido..
Em tempos de economia informal, descobre-se que passear com cachorro de madame pode render um dinheiro extra e, de quebra, quem sabe, rolar uma azaração. Quem descobriu a nova profissão foram os argentinos, há alguns anos. Não havia quem fosse a Buenos Aires e não se encantasse com os apetitosos rapazes e seus maravilhosos cachorros de raça passeando pelos bosques de Palermo e adjacências. No Rio a moda pegou agora. Em Ipanema ou no Leblon, onde a categoria dos dogs walkers iniciou suas atividades, os rapazes e seus músculos sarados à mostra são um show à parte. Os olhos espantados das pessoas percorrem aquela fila de oito a doze bichinhos de estimação e, claro, acabam subindo pelas pernas musculosas, passam pelo bíceps do cachorrão, sobem mais um pouco e avaliam os peitoris trabalhados em academias. Não é raro ouvir gracinhas do tipo qual é o telefone do cachorrinho? E não é para menos. Além de altos, fortes e sarados, o figurino dos dogs walkers inclui sempre shorts curtíssimos, bermudas e as famosas camisetas amarradas na cintura.
Parece que os meninos estão ganhando, dia a dia, mais admiradores. Até na novela das oito, Mulheres apaixonadas, há espaço para uma passeadora, a Edwiges, interpretada por Carolina Dieckman. O autor Manoel Carlos conta por que resolveu colocar uma passeadora na novela:
É uma atividade rica de acontecimentos. Meu filho tem um maltês que não sai para passear.
Na vida real é preciso muque para enfrentar a profissão. Passear um cachorro pequeno é uma coisa. Levar pela coleira dez cães de grande e médio portes é diferente.
Marcos Barbosa, um fortão de olhos verdes que já foi pára-quedista e vendedor, concorda:
Passear com labrador é como uma sessão de musculação. Não é preciso fazer exercícios, só segurar o bicho pela coleira.
Marcos cuidava dos cães dos tios na Zona Sul e começou a chamar a atenção dos vizinhos. Todos elogiavam o vidão dos totós. Ele percebeu a oportunidade e imprimiu cartões que distribuía:
Eu não tinha muito estudo mas tinha intimidade com cachorro. Mandei ver nos cartões e os bichos pintaram.
Ele conta que os piores momentos são quando o seu bando de cães encontra fêmeas na rua:
Elas vêm direto em cima por causa do cheiro. Tem que ter pulso para segurar 10 cães de uma vez.
Para agüentar o tranco, basta pegar umas ondas no Arpoador e dançar na Fix, na Rua das Marrecas, no Centro do Rio. A namorada tem ciúmes:
Isso atrapalha um pouco.
Renato Elias, 18 anos, quer ser veterinário.
Como gosto muito de cachorro associei meu trabalho ao que gosto. Hoje tenho seis animais das raças labrador e cocker spaniel. É mais fácil lidar com o labrador porque ele é calmo. O cocker é muito ativo e exige demais dos músculos.
Renato é paqueradíssimo. Ele conta que costumava levar o cachorro de uma cliente para passear e a filha dela acabou se apaixonando por ele.
Ela começou a me telefonar direto. Levei na brincadeira e ela parou. Não namoro cliente. Além de ter namorada não misturar as estações.
Namorada tem ciúme das cantadas
Bem mais preparado que seus companheiros de profissão, 23 anos, e olhos cor de mel, Renato Gomes, formado em marketing, driblou o desemprego criando a empresa Um Cão de Sorte, em Botafogo. Ele e sua equipe seguem regras. A primeira delas é se fazer conhecer em uma apresentação na base do cheiro, para estudar o temperamento do cachorro. Renato pode ser visto na casa de clientes que gostam de bom papo:
As pessoas estranham quando me conhecem. Elas esperam uma pessoa com pouca cultura. Aí chamam para um lanche...
Cantadas só recebeu pelo telefone, coisas do tipo: Quanto você cobra para passear com o cachorro? E com a dona? Ele sabe despistar com bom humor:
Minha namorada tem ciúmes mas controla numa boa. As mulheres atacam mas finjo que não está acontecendo nada. Meu negócio é cachorro.
Bem mais preparado que seus companheiros de profissão, 23 anos, e olhos cor de mel, Renato Gomes, formado em marketing, driblou o desemprego criando a empresa Um Cão de Sorte, em Botafogo. Ele e sua equipe seguem regras. A primeira delas é se fazer conhecer em uma apresentação na base do cheiro, para estudar o temperamento do cachorro. Renato pode ser visto na casa de clientes que gostam de bom papo:
As pessoas estranham quando me conhecem. Elas esperam uma pessoa com pouca cultura. Aí chamam para um lanche...
Cantadas só recebeu pelo telefone, coisas do tipo: Quanto você cobra para passear com o cachorro? E com a dona? Ele sabe despistar com bom humor:
Minha namorada tem ciúmes mas controla numa boa. As mulheres atacam mas finjo que não está acontecendo nada. Meu negócio é cachorro.
Crédito:Fatima Nazareth
Autor:Elisabeth Orsini
Fonte:O Globo