Quase metade das mulheres brasileiras acredita que a política não exerce influência sobre sua vida pessoal, embora a maioria considere política importante. 'Se 20% entre elas acham que a mulher não está preparada para governar, entre os homens o percentual vai ser maior', deduz o sociólogo Gustavo Venturi, coordenador da pesquisa, intitulada Cultura Política. 'Não acho que a eleição vai se definir por isso', opina. Dos números comparados de 1997 e 2001, surgiu um perfil curioso do universo feminino: as mulheres são pouco engajadas, conservadoras e intolerantes com as minorias.
O levantamento mostra identificação maior com posições políticas de direita e de centro, o que fica claro quando são discutidos temas polêmicos. A união entre pessoas do mesmo sexo, defendida pela prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, tem rejeição cada vez maior. As entrevistadas demonstraram dificuldade de reconhecer o direito dos que defendem opiniões contrárias às suas. Quase metade acha que as minorias podem ter suas idéias, desde que não tentem convencer os outros. A maioria discorda da descriminação do aborto (76%), do casamento homossexual e da pena de morte (66%).
O levantamento também mostra auto-estima em baixa entre as 2.502 entrevistadas. Enquanto grande parte acredita não ter nenhuma influência sobre o processo político, quase um quarto pensam que os homens, no geral, são superiores. A legislação eleitoral que determinou cota mínima de 25% de mulheres candidatas não foi estímulo suficiente para o engajamento. Embora a maioria assista noticiário e leia sobre política, apenas uma em cada 10 freqüenta reuniões de partidos políticos. A participação das mulheres em associações e entidades é cada vez menor, mesmo em clubes esportivos.
Crédito:Luiz Affonso
Autor:Claudia Lima
Fonte:Jornal do Brasil