Rio de Janeiro, 17 de Maio de 2024

Ele não está preparado

“Ele não está preparado.”
É o veredicto dos que ganham acima de 10 salários mínimos para não votar no Lula.
 
 
Acusam-no de ser chegado a uma branquinha, não cultivar as boas letras e ter uma língua solta que envergonha as distintas famílias dos apologistas de uma ética imune a truques e malabarismos.
Quando ética só existe uma, que é a de não roubar, principalmente em se tratando de dinheiro do contribuinte.
       
 
Por que então não conseguiram derrubar Lula?
No regime parlamentarista, o mensalão obrigaria à convocação de novas eleições para o povo ser consultado quanto à sua permanência no poder. Não necessitando de sanguessugas absolvendo mensaleiros. Mostrando a verdadeira dimensão da banda podre do Congresso quando obrigados a dar a cara a tapa pelo detetive Gabeira, que se despiu da postura zen ao perder a paciência com Severino, para ser parasitologista no exame da merda da política. 
       
 
Por que Lula não perdeu apoio nas classes de renda mais baixa?
Embora, a grosso modo, soubesse do mensalão.
A aprovação ao seu governo aumenta com o usufruto do Bolsa-Família. Seria um troca-troca que surtiu efeito? Ou será a última vez que a burguesia vai permitir um candidato com a cara e o perfil de Lula? Se esquecem de que mais de 120 milhões de eleitores enterraram os formadores de opinião e dispensam a alcunha de ignorante atribuída por brasilianistas pornôs.
       
 
É muita tucanagem Alckmin não explorar as imagens do julgamento e cassação de Zé Dirceu no confronto com Lula, nem explicar didaticamente, com linguagem de médico, que mensalão é a compra de um poder pelo outro.
Tem de bater para provar que não é igual. E o que dizer de Tasso Jereissati, que trai os tucanos na sua terra natal ao apoiar Ciro Gomes?
 
 
E Cesar Maia, que não encarou as eleições para não ter que explicar o desprezo à saúde do Rio de Janeiro, preferindo ser comentarista de blog? Soa vago o discurso de choque de competência de políticos que almejam se travestir de empresários bem-sucedidos. Basta nos lembrarmos da era FHC, profícua em privatizações jamais investigadas e com procurador da República esfalfado de engavetar processos contra o presidente.
       
 
É um Brasil mais real deixar aflorar todos esses escândalos do que esconder a sujeira debaixo do tapete. Já que a cidade de Deus tomou conta da locomotiva São Paulo. Não há que censurar o filme da ginástica de Lula para ganhar as eleições, dividido entre o pastor Crivella e o ex-radical Vladimir Palmeira transformado em um bonachão animador de festas. De mais quantas campanhas eleitorais Heloísa Helena precisará para se decidir entre governar e seguir o programa do partido? Melhor deixar a consciência ficar sobressaltada do que alienada.
       
 
Então, vamos combinar: ética tem mais de uma.

 

 


Crédito:Antonio Carlos Gaio

Autor:Antonio Carlos Gaio

Fonte:Universo da Mulher