Rio de Janeiro, 17 de Maio de 2024

Quo vadis?

Eu não sei onde isso tudo vai parar...
 
 Confesso, todavia, minha preocupação e angústia com a acelerada degradação dos bons costumes na vida pública brasileira. Fosse nossa população politizada, esclarecida, as ruas já estariam tomadas diante da indignação que os fatos recentes de nossa vida política e pública têm provocado.
 
Também não sei dizer se fico feliz com essa alienação, porquanto ruas tomadas sempre significam conflito, confusão, ameaça à estabilidade das instituições. No mesmo raciocínio, tampouco sei medir se essas mesmas instituições não estão mais ameaçadas por essa degradação do que supostamente estariam (ou não) pelo povo nas ruas, protestando contra o comportamento absolutamente imoral, amoral, antiético de nossos políticos e governantes. Compartilho essa preocupação, essa angústia, com os leitores porque de fato não tenho respostas.
 
Tenho em mim, isso sim, um sentimento de desalento ao assistir fatos como a absolvição do deputado João Paulo Cunha pelo plenário da Câmara dos Deputados. Trata-se da legalização da safadeza mal disfarçada, da institucionalização do “leva vantagem” pequena. Por cinqüenta mil reais o então presidente de uma das Casas do Legislativo da União rendeu-se ao esquema de corrupção vigente. E foi absolvido quando a Comissão de Ética recomendou a condenação. É só mais um exemplo no quadro pesaroso que vive o país.
 
É desalentador assistir à patética apoteose da carreira do então festejado ministro Palocci. Transformado em personagem de ópera bufa, atribuem-lhe doença do coração para não depor na Polícia Federal. Armam falsa entrevista coletiva para escondê-lo da imprensa. Uma palhaçada transformada em verdade, com verdadeiro escárnio e desrespeito aos brasileiros em geral.
 
É triste ouvir o diálogo entre o astronauta César Pontes e o presidente Lula. O que de melhor Lula conseguiu articular foi uma “gozação” ao bauruense astronauta, dizendo que o Noroeste, time de futebol da cidade, vai mal das pernas. O time é o terceiro colocado no campeonato paulista, atrás apenas do Santos e do São Paulo. E eu ainda entro no mérito de analisar tamanha baboseira.
 
Estou citando alguns fatos da semana. A cada dia tudo piora. Reformaram o Palácio da Alvorada, mas a estrela vermelha do PT segue incrustada na grama como se o patrimônio público brasileiro fosse agora do PT. Bem que eles querem e tentam de toda forma .
 
O leitor, eleitor, eu, você, todos temos uma obrigação inadiável nas urnas este ano. Varrer da cena política os maus representantes. Os maus governantes. Se a população de Osasco, por exemplo, reeleger o “deputado” João Paulo Cunha, ficará provado que quem não tem vergonha na cara somos nós, que os elegemos.
 
Generalizar é sempre perigoso, mas a banda podre dos parlamentares e governantes dominou o poder federal. É preciso renovação geral, mesmo com o risco de cometer injustiças.
Ainda assim, não tenho idéia de onde vamos parar. O grau de esgarçamento do tecido político é visível. As instituições estão sob ameaça por parte de seus próprios integrantes.
 
 
 
* Quo vadis? vem do latim e significa "Aonde vais?"
 
 
Paulo Saab é colunista da seção Iscas Política do site www.lucianopires.com.br. Formado em Direito pela Faculdade do Largo São Francisco, da USP, com especialização em Direito Político, Administrativo e Financeiro. É jornalista profissional tendo cursado a atual UNIP - Universidade Paulista. Professor de Ciência Política da FAAP. Professor de Marketing Aplicado ao Município, Política e Cidadania, no curso de Pós-Graduação da FAAP. Possui cursos de especialização em Marketing e Administração de Agências de Propaganda. Ex-Juiz do Tribunal de Impostos e Taxas do Estado de São Paulo. É colunista político do Diário do Comércio, onde publica diariamente, há 21 anos, a coluna PS, na página dois. É presidente do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento da Cidadania (Instituto da Cidadania).

Crédito:Ricardo Viveiros

Autor:Paulo Saab

Fonte:Oficina de Comunicação