Convenção política ou baile funk? Quem for sábado ao ginásio do Clube Municipal, na Tijuca, pode ficar em dúvida. De um lado, estará a galera de Rômulo Costa, dono da maior equipe de som do Rio, a Furacão 2000. De outro, a turma da vereadora Verônica Costa, ex-mulher e atual desafeta de Rômulo. No meio dos dois, o delegado Arthur Cabral, responsável pela investigação que culminou, há dois anos, com a prisão do Rei do Funk. Motivo do encontro: os três vão disputar uma vaga de candidato a deputado estadual pelo Partido Liberal.
A convenção do PL encerra uma semana de definições. O PSB e a coligação PFL-PMDB-PSDB já esconheram seus candidatos. Hoje é a vez do PDT. No PL, a convenção promete ser quente como os bailes se a disputa mantiver o tom das declarações dos pré-candidatos. Verônica é uma pessoa prepotente, que se acha dona do mundo. Não fez nada para os funkeiros na Câmara. É a vereadora mais ausente e o seu mandato é uma decepção. Por que não tenta fazer algo pela cidade em vez de se candidatar a deputada?, questiona Rômulo.
Vereadora rebate críticas e diz que é excluída por colegas
Na hora de se defender, a Mãe Loura do funk aproveita para alfinetar: Não falarei mal dele em respeito a meus filhos, mas ele não deve ter Internet. Basta ligar o computador e ver os projetos que fiz, como a lei do primeiro emprego. Não sou a mais faltosa. O que existe na Câmara é uma panelinha dos poderosos que me excluem das votações por inveja da minha popularidade.
Alheio às desavenças político-matrimoniais, Arthur Cabral anuncia como plataforma de campanha o combate aos bailes violentos e aos pichadores. E confessa ter ficado surpreso quando soube que poderá virar colega de bancada do ex-casal 20 do funk. Mas tenho que encarar com tranqüilidade. São coisas da democracia. Não tinha nada de pessoal contra eles, era meu trabalho, justifica.
O delegado só estranha o fato de Rômulo, apesar condenado no ano passado à pena de dez anos de prisão, poder ser candidato. O dono da Furacão 2000 prefere não polemizar e quem assume sua defesa, surpreendentemente, é Verônica: Esse delegado foi arbitrário e deveria procurar traficante em vez de perseguir e prender um trabalhador.
Crédito:Fatima Nazareth
Autor:Fabio Varsano
Fonte:O Dia