Rio de Janeiro, 17 de Maio de 2024

Furacão de mágoas nas urnas

Convenção política ou baile funk? Quem for sábado ao ginásio do Clube Municipal, na Tijuca, pode ficar em dúvida. De um lado, estará a galera de Rômulo Costa, dono da maior equipe de som do Rio, a Furacão 2000. De outro, a turma da vereadora Verônica Costa, ex-mulher e atual desafeta de Rômulo. No meio dos dois, o delegado Arthur Cabral, responsável pela investigação que culminou, há dois anos, com a prisão do Rei do Funk. Motivo do encontro: os três vão disputar uma vaga de candidato a deputado estadual pelo Partido Liberal.

A convenção do PL encerra uma semana de definições. O PSB e a coligação PFL-PMDB-PSDB já esconheram seus candidatos. Hoje é a vez do PDT. No PL, a convenção promete ser quente como os bailes se a disputa mantiver o tom das declarações dos pré-candidatos. “Verônica é uma pessoa prepotente, que se acha dona do mundo. Não fez nada para os funkeiros na Câmara. É a vereadora mais ausente e o seu mandato é uma decepção. Por que não tenta fazer algo pela cidade em vez de se candidatar a deputada?”, questiona Rômulo.

Vereadora rebate críticas e diz que é excluída por colegas

Na hora de se defender, a Mãe Loura do funk aproveita para alfinetar: “Não falarei mal dele em respeito a meus filhos, mas ele não deve ter Internet. Basta ligar o computador e ver os projetos que fiz, como a lei do primeiro emprego. Não sou a mais faltosa. O que existe na Câmara é uma panelinha dos poderosos que me excluem das votações por inveja da minha popularidade”.

Alheio às desavenças político-matrimoniais, Arthur Cabral anuncia como plataforma de campanha o combate aos bailes violentos e aos pichadores. E confessa ter ficado surpreso quando soube que poderá virar colega de bancada do ex-casal 20 do funk. “Mas tenho que encarar com tranqüilidade. São coisas da democracia. Não tinha nada de pessoal contra eles, era meu trabalho”, justifica.

O delegado só estranha o fato de Rômulo, apesar condenado no ano passado à pena de dez anos de prisão, poder ser candidato. O dono da Furacão 2000 prefere não polemizar e quem assume sua defesa, surpreendentemente, é Verônica: “Esse delegado foi arbitrário e deveria procurar traficante em vez de perseguir e prender um trabalhador”.

Crédito:Fatima Nazareth

Autor:Fabio Varsano

Fonte:O Dia