Agora, Serra é o único candidato à sucessão de FH com a chapa pronta e indicativo de aliança com partido de grande porte. Indicativo. Apesar da simpatia pessoal do presidente Fernando Henrique Cardoso por Rita, o núcleo de articulação política do governo viu a escolha com reservas. Teme pelo destino da convenção do PMDB. Os senadores, antes entusiamados com Simon, ameaçam rebelião. Tantos temores justificavam semblantes funestos de comandantes do PSDB e do PMDB no anúncio da dobradinha cacofônica SERRA-I-RITA ou SERRA-CAMATA.
Rita, vista como a vitória do marketing sobre a tradição política, tentou mostrar que está pronta para a briga. Estreou ao lado de Serra, em cerimônia no Espaço Cultural da Câmara, com frase pronta para atingir o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. ""Para chegarmos à vitória, lutaremos com toda a humildade. Afinal, nessa luta, de maquiagem e salto alto, só eu"", disse. Há um mês, FH recomendou a Lula que não tivesse salto alto na disputa.
A opção Rita - uma fumante inveterada, que terá que se controlar muito ao lado do antitabagista Serra - gerou toda sorte de especulação. No PMDB, alegava-se que FH e Nizan fizeram uma escolha de marketing. No PSDB, a responsabilidade era repassada ao comando do PMDB, que, ao ter de decidir entre dois independentes, sentia maior condições de controle em relação à deputada.
A guinada em favor de Rita começou a se desenhar na madrugada. Depois de conversar com FH, no Alvorada, Serra foi ao gabinete no Senado. Convocou o prefeito de Vitória e coordenador do programa de governo da campanha, José Paulo Veloso Lucas, adversário político de Rita no Estado. O comando do PMDB estava na casa do presidente do partido, Michel Temer. Serra chegou lá por volta da meia noite e só saiu ao final às 2h20m da madrugada. Ficaram arestas. A maioria dos tucanos preferia Simon, especialmente Pimenta da Veiga e José Richa. Até Nizan ponderou que Simon ofereceria a credibilidade e o peso político que a campanha está precisando. Mas já estava decidido desde a véspera.
Crédito:Fatima Nazareth
Autor:Sonia Carneiro e Carmem Kozak
Fonte:Jornal do Brasil