Rio de Janeiro, 29 de Março de 2024

O que fazer quando as crianças não querem voltar para a escola?

O final das férias de julho está se aproximando e muitos pais se deparam com um novo problema: o filho não quer voltar para a escola.
 
O que acontece com essa criança que até pouco tempo atrás ia ao colégio demonstrando alegria e bem estar?
 
E com aquela que fez de tudo para mudar de escola no meio do ano e agora fala em retornar para a antiga?
 
E aquela outra que tirou excelentes notas no 1o. semestre e  perto do reiní­cio das aulas, não pode nem ouvir falar do assunto, que logo chora?
 
E aquela que, de repente, diz que não quer ou não sabe mais ler, apesar das constatações do contrário?
 
A psicopedagoga Maria Irene Maluf explica que existem muitos fatores em jogo e a primeira coisa que aconselha aos pais para começar a solucionar o problema é: "observem e conversem com seus filhos na busca das causas reais".
 
As férias trazem maior liberdade com horários e um relaxamento das exigências com as obrigações diárias.
 
É importante recordar também que, mesmo que a escola seja a mesma, as crianças sabem que as dificuldades pedagógicas serão gradativamente maiores e ela pode não se sentir à  altura de atender a mais essa demanda.
 
Entretanto, existe sempre uma parcela de crianças queixosas que continuam resistentes a mudar esta sua posição.
 
Quando os filhos demonstram medo ou sofrimento real na volta às aulas e todos os esforços familiares parecem inúteis, é indicado procurar o olhar profissional de quem entende de desenvolvimento infantil, aprendizagem e suas dificuldades: um psicopedagogo.
 
Em sua longa prática em escolas e consultório psicopedagógico, Irene Maluf tem constatado algumas das causas mais freqüentes para esse problema.
 
Analisando o perfil de estudante da criança queixosa e o material escolar, já costuma obter muitas pistas.
 
Por exemplo, há casos, principalmente nos primeiros anos do ensino fundamental, em que a criança recebeu sempre notas altas, mas por algum motivo o conhecimento adquirido é frágil ou mais empobrecido do que aparentam essas avaliações.
 
Acontece que um dia, por uma razão qualquer, o aluno se dá conta que não é tão capaz quanto os pais julgam que ele é ou como ele pensava que bastaria ser, para vencer os novos desafios.
 
E aí­ então se julga inseguro, menos capaz que seus coleguinhas e temeroso do enfrentamento com as  questões da escolaridade!
 
E naturalmente procura fugir ou negar a situação que o angustia, o que não leva a  solução, mas sim ao agravamento do problema!
 
Há casos também em que os próprios pais nos procuram, pois percebem ou desconfiam que o rendimento do filho é, por comparação, muito inferior ao do priminho da mesma idade e série, que veio passar as férias na casa dos tios.
 
E há situações sérias, em que não cabe dizer que as crianças e a exigência das escolas são totalmente incompatíveis, pois há fatos inegáveis envolvidos: não ler aos oito de idade ou não conseguir dividir aos dez, não são dados a desprezar dentro do nosso sistema de ensino.
 
As crianças acabam por perceber essa insegurança dos pais, real ou imaginária, em relação a  sua competência em aprender e por receio de fracassarem novamente, acham que resolvem a questão, negando-se a voltar à  escolaridade regular.
 
 
 
 
 

Crédito:Denise Monteiro

Autor:Rose de Almeida

Fonte:Sílaba Comunicação e Marketing