Rio de Janeiro, 17 de Maio de 2024

Seqüestro vira álibi de marido fujão

O crime quase perfeito. A nova mania entre homens de Brasília é passar a noite na farra e, antes de voltar para casa, dar uma passadinha na delegacia. Ali, registram o álibi que apresentarão às mulheres: a ocorrência de suposto seqüestro. Com o precioso atestado de inocência nas mãos, o marido infrator pode retornar tranqüilo ao lar. E ainda é confortado pelos maus momentos passados sob o domínio de bandidos ameaçadores. Isso quando a própria polícia não descobre a lorota e joga uma pá de cal na engenhosa estratégia de defesa.

Dos 30 casos de seqüestro-relâmpago denunciados este ano na capital, a Polícia Civil descobriu quatro falsas comunicações. Três delas com o objetivo de esconder traição amorosa. Um dos que recorreram ao ardil é o vendedor autônomo Rogério Carvalho Coelho, de 22 anos. Ele registrou a falsa ocorrência na 4ª Delegacia de Polícia. Relatou ter fornecido a senha da conta bancária aos assaltantes, e que foi jogado no porta-malas de um carro, embrulhado num edredon. Investigações derrubaram a história. Rogério admitiu ter mentido para para justificar a companheira os dois dias que passou fora de casa, no último dia 11.

Sem saber como explicar à noiva, Lubia de Brito, uma noitada, o auxiliar administrativo Flávio Damião de Sousa, de 33 anos, exibiu uma ocorrência de seqüestro, registrada na 12ª DP. Narrou a abordagem por ""três elementos"" armados, que o obrigaram a ir ao caixa eletrônico e entregar senha e cartão. Depois, jurou ter sido colocado no porta-malas do carro. A polícia descobriu, e ele confessou: no dia 1º de maio, estava com outras mulheres. A mentira às autoridades é punida com pena de um a seis meses de detenção, mas os juízes preferem penas alternativas.

Crédito:Fatima Nazareth

Autor:Hugo Marques

Fonte:Jornal do Brasil