Alvaro Petracco*
Embora muitas mulheres estejam optando por uma vida sem filhos, a maioria delas ainda tem na maternidade um de seus principais projetos de vida.
Ver seus traços se misturarem com os do companheiro em uma criança que representa a continuidade de sua existência é um sonho comum, mas nem todas conseguem realizá-lo naturalmente.
A infertilidade ocorre com mais freqüência do que se imagina – a doença atinge entre 10 e 15% dos casais em idade reprodutiva, cerca de 60 a 90 milhões de casais no mundo.
Os avanços tecnológicos na área médica têm auxiliado muito estas pessoas, mas o primeiro desafio é ajudá-las a encarar o problema.
Isso porque ter filhos é, normalmente, um projeto constituído muito cedo no imaginário do indivíduo, que tem a fertilidade como algo inquestionável – a doença surge como um choque que abala as garantias de realização de um desejo intenso.
Apesar do sofrimento despertado, é fundamental que o casal se reorganize emocionalmente, para que possa buscar as alternativas possíveis. Os casos de sucesso são muitos, no Brasil e no mundo.
Não há motivo, então, para tornar infértil a vida, diante de um diagnóstico desfavorável. A infertilidade aparece como um limite, sim, mas que não diminui o valor ou a capacidade da pessoa que o enfrenta. Pelo contrário, todos os dias, casais lutam, acreditam e conseguem realizar seu sonho de procriar.
Entre as técnicas atualmente disponíveis, está o congelamento de óvulos, uma excelente alternativa não apenas para casais inférteis que se submetem à reprodução assistida, mas também às mulheres que precisam postergar a maternidade e às pacientes com câncer.
Para estas últimas, trata-se de um avanço e tanto.
Com a sobrevida aumentada, elas devem estar atentas para a preservação de sua fertilidade – o congelamento, nestes casos, deve ser realizado antes de tratamentos como quimio ou radioterapia, que podem comprometer a função do ovário.
A fertilização in vitro, o congelamento de embriões, de sêmen ou tecido ovariano e a extração de espermatozóides do testículo, entre outras técnicas, ampliaram, e muito, as chances de ter filhos para casais que, em algum momento de suas vidas, se deparam com a infertilidade.
No Rio Grande do Sul, o primeiro nascimento através da reprodução assistida aconteceu em 1989 – o menino Alvinho, filho de Iara e João Luiz, já está na universidade.
Depois dele, já foram tantos que já se pode dizer que praticamente não há barreiras intransponíveis para o desejo de ser mãe.
*Ginecologista, diretor do Fertilitat – Centro de Medicina Reprodutiva (www.fertilitat.com.br), Doutor em Medicina e professor da Faculdade de Medicina da PUCRS.
Crédito:Luiz Affonso
Autor:Alvaro Petracco
Fonte:Universo da Mulher