Rio de Janeiro, 18 de Abril de 2024

Você se sente fora de lugar?

Você se sente fora de lugar?
Você já se sentiu meio que fora de lugar?
Um tanto ou quanto deslocada, em determinadas festas, acontecimentos ou reuniões sociais?
 
Tipo aquele vazio que dá no peito e você quer ir embora de determinados lugares... Já se pegou com aquela falta de assunto em determinadas rodas sociais?
 
Dou um exemplo:
tire o(a) seu(sua) irmão(a) para dançar, existe alguma graça nisso?
 
Mas às vezes isso acontece em nossas vidas; pegamo-nos tendo que dançar com nosso irmão(a).
 
Há quanto tempo você não vê um(a) amigo(a)? Que você não sabe por que cargas d'água afastou-se de você, sem nenhum motivo aparente...
 
Vocês estavam sempre juntos (as), foram padrinhos de casamento um do outro...
 
quantas noitadas, quantas baladas e quantas risadas.
 
Sumiu, escafedeu-se e, de repente, ele(a) aparece sabe-se lá de onde, telefona e você o convida para ir à sua casa.
 
Afinal, há quanto tempo não se vêem?
Você se empolga, acorda cedo, vai ao mercado e prepara um excelente jantar; escolhe um vinho, prepara a mesa como há muito não fazia.
 
Ele(a) chega, vocês trocam cumprimentos, conversam algumas banalidades, quando de repente... sem querer, você fala do momento político pelo qual estamos passando, apenas como uma ilustração da atualidade e pra quê...
 
Você se arrepende até o seu último fio do cabelo!
 
Seu amigo(a) desanda a falar do partido, do congresso, da câmara, da escolha política que fez ou passa a defender o político corrupto que você detesta e blá-blá-blá.
 
Ou sua amiga desanda a falar do último romance, contando todos os detalhes da briga ou da última viagem que fez à Europa e tome fotografia e tome cartões postais...
 
Enfim, para atenuar um pouco o tédio você o(a) convida para sentar-se à mesa, oferece a ele(a) aquele vinho safra mil novecentos e bolinha que sempre guardou para um momento especialíssimo e ouve em alto e bom som: - Desculpe, prefiro um refrigerante.
 
Não gosto de vinho. (Ninguém merece...).
 
Para azar seu, em retribuição ao jantar, o(a) amigo(a) o(a)convida para uma festa, e você se arrepende amargamente de ter aceitado.
 
O papo da festa é chato, a música da festa é chata, as pessoas da festa são chatas...
 
E você permanece o tempo todo em um canto, naquelas rodinhas de sempre, onde tem sempre um expert em vinhos, outro em futebol, outro em charutos, um que faz piadinhas preconceituosas com as mulheres, ou mulheres que se acham o último brigadeiro da festa narrando a última plástica que fizeram nos seios, nas férias passadas, ou então, aquelas típicas rodinhas de mulheres em um canto da sala e homens no outro canto; aliás, eu nunca entendi isso, se foram juntos, por que têm que ficar separados?
 
E você lá; só concordando com as pessoas, pra não ser mal-educado(a) e o pior de tudo: você descobriu que seu amigo(a), que há muito tempo não via, também virou um chato e é óbvio que ele(a) achará a mesma coisa de você...
 
Pois é: sabe o que aconteceu?
 
O tempo passou entre vocês, a história de vocês não é mais a mesma.
 
Não existe mais nenhuma afinidade entre vocês; "o passado é uma roupa que não nos serve mais", não dá mais liga; se essa pessoa sumiu da sua vida, foi porque precisou encontrar outro caminho, mudou-se de bairro, de cidade, de país.
 
Não está mais na sua freqüência, não quer mais a sua amizade, portanto não fique magoado(a) tentando entender o porquê.
 
Aquela amizade que vocês tinham acabou e essa aproximação foi para vocês simplesmente constatarem isso.
 
Seu amigo(a) separou-se?
 
Separe-se e tente ter a amizade dos amigos de antes (na grande maioria das vezes quem tentou se magoou), case-se e mantenha os amigos de solteiro(a).
 
Não me lembro de ninguém que tenha se dado bem nisso.
 
Acabou porque tudo acaba, pessoas vão e pessoas vêm em nossas vidas, algumas irão ficar, muitas outras não.
 
Não tem volta, são como as águas de um rio, que passam independentemente de quem ou o que está na margem.
 
Conheço pessoas que vivem do passado, circundando sempre o mesmo raio, procurando sempre estar ligadas às mesmas pessoas, fazendo sempre as mesmas coisas, não se permitindo mudar.
 
Pessoas achando-se rejeitadas, mal amadas, incompreendidas...
 
Pessoas que separam-se e permanecem atadas aos ex-companheiros(as) e não fazem nada sozinhas sem ter que envolver o outro, tentando sempre culpar o outro ou colocando no outro a culpa da relação não ter dado certo.
 
Pessoas que não cresceram, não romperam o cordão umbilical e que - com certa idade - ainda dependem dos pais e esquecem de viver sua vida.
 
Pessoas que, quando as encontramos, a conversa gira sempre em torno do passado tipo:
"Lembra-se de fulano? De sicrano"?
 
O saudosismo é bom quando acrescenta algo em nossas vidas... "recordar é viver", mas viver não é, e nem jamais será, simplesmente recordar.
 
Pois é; tenho certeza que cada um de nós já se sentiu assim, meio que fora de lugar e não só em reuniões, eventos ou acontecimentos sociais, com amigos de outrora, mas em seu trabalho também.
 
Quem já não se entediou com determinado trabalho, com determinada rotina? Não se sentiu ou sente-se fora de lugar?
 
Novamente te digo, se você se sentiu ou sente-se assim, seja lá por qualquer coisa, que o valha, é porque realmente esse ainda não é o seu espaço, não é o seu lugar, e muito menos são essas as pessoas do seu convívio; mas nunca desanime, caberá a você encontrar o seu espaço, as suas pessoas.
 
Quem o merecer estará com você sempre e o mais importante: o verdadeiro amigo(a), esse nunca o deixará; você saberá distinguir em tudo e em todos as melhores coisas, que o colocarão sempre no lugar certo em sua vida.
 
 
 
 

Crédito:Nina Carpes

Autor:Nelson Sganzerla

Fonte:www.sintoniasaintgermain.com.br