Rio de Janeiro, 29 de Março de 2024

Será que Bali é de fato o paraíso?

Praias de areia negra e não tão espetaculares assim, trânsito caótico, gente saíndo pelo ladrão. Então, será que Bali é de fato o paraíso, como muita gente diz?
 
Daniel Reynolds nos conta as suas aventuras num dos centros culturais mais ricos da Ásia.
 
 
Não foi a minha primeira vez em Bali. Tinha estado por lá em 1999. Mas desta vez, como não tinha muita opção em o que fazer no Natal – aliás, detesto o Natal -, resolvi passar uma semana na ilha.
 
 
 
Minha chegada foi sob um pé d´água de dar medo até em Sao Pedro, daí, é claro que fiquei com um mau humor. Afinal de contas, tinha voado mais de 14.000 km, assim como um pássaro que migra numa tentativa de fujir do rigoroso inverno europeu, e para que?
 
Como não tinha lido o meu guia de viagem, mal sabia que essa era a temporada de chuvas, mas tive muita sorte, pois pouco choveu durante minha estada.
 
 
 
 
Apesar de Bali ser praticamente um ovo, não podemos dizer o mesmo sobre a Indonésia, que -para mim- é um país de superlativos: a 4ª nação mais populosa do mundo, abrigando mais de 230 milhões de habitantes, formando assim o maior estado islâmico do planeta e, o seu território é o somatório de mais de 13.000 ilhas.
 
Calma, não acaba aqui, não: 5.000 delas até hoje não têm nome!
 
 
 
Mas voltando à Bali, a primeira coisa que qualquer viajante do mundo ocidental vai certamente notar e o caótico trânsito.
 
Como há uma falta de espaço, resultando em rodovías e ruas super estreitas, quase sem calçadas, a maneira ideal de locomoção e sob 2 rodas. Mais de 1 milhão de motocicletas nos dão a sensação de estarmos num formigueiro.
 
 
Meu coração quase saiu pela boca durante o trajeto aeroporto-hotel, ainda mais que vivo num país onde o trânsito e super organizado – organizado até demais, eu diria.
 
Só que na Indonésia, ou melhor, na Ásia, a regra aplicada ao trânsito é a seguinte: quem vêm atrás e quem deve prestar atenção, pois os motoristas não olham para os lados antes de entrarem na rua.
 
Salve-se quem puder!
 
 
Sendo palco de um dos centros culturais mais importantes da Ásia, Bali está sempre cheia de eventos que atraem visitantes do mundo todo.
 
Quem é que nunca escutou falar na tradicional dança balinesa, onde um mínimo gesto ou olhar possuem centenas de significados?
 
A mais tradicional das danças é a Ramayana, que vem a ser interpretações inspiradas em épicos hindus.
 
O gamele - instrumento de cordas que lembra uma harpa, porém é horizontal, cujo o som emitido é meio monocórdio (depois de 10 minutos escutando isso você quer tirar os cabelos com pinça!!!!) embala a maioria das danças.

 

 
 
A influência cultural indiana sem dúvida inspirou o desenvolvimento das artes dramáticas e danças balineses, até porque os habitantes da ilha são  fervorosos praticantes da mesma religião predominante na Índia: o Hinduísmo.
 
Só que a versão de Bali sofreu algumas adaptações:segundo as tradições locais, eles crêem que os Deuses vivem nas montanhas ou em terra firme enquanto os demônios estão no mar.
 
A fé das pessoas nos dá uma grande lição de vida. Pelo menos a gente aqui na Europa, que tem tudo e não dá valor ao que tem, paramos para refletir, já que um povo, que tem tão pouco, mas não perde a sua fé.
 
Todos os dias, religiosamente, os balineses vão aos templos, que são inúmeros, levar oferendas.
 
E o cheiro de incenso no ar?
Uma coisa maravilhosa!!!
 
Uma conferida ao Templo mãe, ao pé de uma das montanhas é simplesmente imperdível. O único problema para os que estão fora de forma, numa certa idade ou têm limitacoes físicas, já que carros só podem ir até uma parte do percuso, o resto tem que ser feito à pé ou você terá que alugar um moto-taxi. Foi o que fiz e adorei andar na garupa da vespa. Uma sensação de liberdade indescritível!
 
 
A capital balinesa é a cidade provinciana Denpasa, que para dizer a verdade, não oferece atrações turísticas. A única coisa interessante seria o mercado central ou uma feira de artesanatos; fora isso não vale a pena perder seu precioso tempo.
 
 
 
Kuta vem a ser um dos lugares mais populares da ilha:point de surfistas, mochileiros, australianos, papagaios, cangurus de plantão e há várias discos, mas nada tão especial.
 
Essa parte não chega aos pés de Seminyak, que é um must!
 
Nesta área está o luxuoso hotel Olberoi, repleto de vilas exclusivas, onde eu queria ficar, mas nesta época do ano e como o filme “Mission Impossible” impossível fazer uma reserva.
 
Se você quer ver e ser visto, não pode deixar de ir ao bar-restro-lounge KDT,também em Seminyak. Ver o pôr-do-sol, deitado nos vários sofás de palha com estofado branco é tudo e mais um pouco.
 
Como vocês sabem, eu falo mesmo, deixe eu entregar: jantar no KDT, apesar de ser chic no último não vale muito a pena.
 
É caro e o serviço e comida nada de especial.
 
 
Eu e o Dirk – meu fiel companheiro de aventuras – resolvemos jantar lá. Você deve estar curioso para saber o que comemos. Aqui vai: Eu escolhi carneiro aromatizado com cominho, servido com alcachofras e queijo feta (queijo de cabra muito comum nos países ao longo do Mar Mediterrâneo como Grécia ou Turquia) com uma cama de pimentões vermelhos e molho. Já o Dirk, ficou com plateau de fruto do mar e risotto ao molho de champagne.
 
 
 
 
Segundo ele estava bom!
 
Mas sinceramente, aquela comidinha ali até mesmo eu faria em casa e ficaria 10!
 
Acho que não valeu os 150 dólares que paguei, isso com um garrafa de vinho branco sul-africano.
 
Mesmo desapontado, voltamos lá para ver o pôr-do-sol e tomar um vinho antes do jantar, num clima happy hour, mas não mudei a minha opinião: o vinho não estava na temperatura adequada e o garçon não quis trazer uma outra garrafa.
 
Bem, acho que um lugar onde paga-se 60 dólares por um vinho, tem que ter serviço à altura, não acham???
 
Vamos virar esta página!
 
O que vale mesmo é a ferveção do lugar cheio de lindinhos e lindinhas de plantão!!!
 
Mas é claro que não comi comida européia todos os dias da minha estada; quis mesmo é provar de tudo que fosse típico.
 
O arroz pode ser considerado a base de tudo – come-se seja nas sobremesas ou nos pratos principais, e detalhe: arroz junto com um monte de fibra não engorda; não ganhei um só grama. Olha que tenho tendência a ser personagem de *Botero.
 
Um dos pratos mais famosos do país é o Nasigoreng – arroz frito com muito legumes e verduras, amendoim.
 
Outras iguarias que são uma constante no cardápio balinês são:o côco, o amendoim, o curry e dá-lhe pimenta!
 
O amendoim se transforma em satay – um pasta picante que é para ser degustada com espetinhos de frango, carne ou fruto do mar...É tudo de bom!!!
 
Mas cuidado com a pele, queridas, amendoim e calor não há * La Praire que de jeito.
 
Eu poderia ficar falando sobre gastonomia aqui para sempre. Realmente amo comer. Comi pela primeira vez snake fruit, que numa tradução livre eu chamaria de "fruta de cobra", já que a pele e igualzinha as escamas do réptil. A sua textura e sabores lembram uma maçã.
 
 
Fazer shopping em Bali tem que ser em Seminyak também, bem perto do luxuoso hotel Olberoi, há muito artesanato local, mas coisas de super bom gosto, várias galerias de arte, lojas com roupas super fashion e por aí vai.
 
Em Nusa Dua, onde fiquei hospedado nas instalações nababescas do Sheraton Laguna Luxury Collection, as praias estão longe de serem paradisíacas.
 
Eu diria que praias assim não são o forte de Bali, apesar de atrair muitos turistas para o surf e tal.
 
Que tal praias de areia negra por serem de origem vulcânicas?
 
Ninguém merece!!!
 
Como num dos dias não quis ficar na praia em frente ao hotel, resolvi dar um passeio sozinho e nada de taxi; queria de fato explorar o lugar, daí peguei o velho ônibus, mesmo.
 
Demorei uma eternidade até entender o esquema por lá: não há pontos de ônibus pré-estabelecidos; o coletivo para em qualquer lugar.
 
Para desembarcar o que vale mesmo é o grito, daí já viu o auê, mas bem divertido estar no meio de gente, galinha, porco e tudo que você possa imaginar.

 
Imperdível:
 
• Ver o pôr-do- sol no KDT e se deliciar com os vários sucos de frutas tropicais ou com um vinhozinho branco ou rosé. Tinto nem pensar, meus queridos, por causa do calor!
•Massagem do spa do hotel Luxury Collection em Nusa Dua. Há vários pacotes. O melhor é o que vem com o body scrubbing de arroz negro. Sua pele vai ficar como a de um recém-nascido!!!
 
 
Tem que comprar:
 
 
Muitos artesanatos de madeira ou de ferro lindos de nascer. Móveis também são uma boa comprar, já que muitas lojas ainda se encarregam em enviar de navio para qualquer parte do mundo. Sai muito mais barato!!!
 
 
Tem que levar na viagem:
Uma câmera – se possível super profissional; os templos são divinos e pedem fotos melhores do que as que tirei.
 
 
Na hora de fazer uma boquinha:
Todos os satays – pasta feita com creme de amendoim e pimenta – servida com vários espetinhos de frango, carne ou fruto do mar. É de se comer rezando.
 
 
Atenção:
Para visitar alguns templos homens tem que estar de calça comprida e mulheres não podem estar usando um modelito trasparente ou super pelado.

Onde ficar:
Apesar de um pouco distante, Nusa Dua ainda é um das melhores partes de Bali, super nova e com os melhores hoteis. Fiquei no Sheraton Laguna Luxury Collection. www.sheratonbali.com
 
 
Visto:
Brasileiros, Europeus e Americanos precisam de visto. Mas é super fácil: paga-se 25 dólares na chegada a qualquer aeroporto da Indonésia e pronto!
O seu passaporte tem que ter uma página inteira em branco, já que o visto ocupa uma folha do documento.
 
 
Como chegar:
Do Brasil há várias opções:  ir até a Europa e de lá até a Indonésia ou via Africa do Sul. Fui de Lufthansa até Jakarta, capital do país, e depois peguei um vôo da Garuda, companhia aérea local. O preço médio na primeira classe de Frankfurt – Asia- Frankfurt é por volta de 10.000 dólares.
 
 
Esta primeira coluna de 2007 gostaria de dedicar a todos nós e que este ano seja repleto de coisas maravilhosas. Um ano melhor e que todos os nossos desejos se realizem. Muita paz, saúde e muito amor!!!!
 
 
 
Por Daniel Reynolds – Frankfurt, Alemanha.
Contatos com o colunista: danieljreynolds@hotmail.com – MSN ou E-mail.
Daniel Reynolds – Orkut
Tel: 00 49  171 766 00 53

Próxima coluna: Os mistérios da Tailândia.

 *Botero – famoso pintor  de quadros que retrata personagens sempre obesos.
 *La Praire – marca de creme suíco, uma das mais caras, já que é feito com extratos de caviar.

 

Crédito:Daniel Reynolds

Autor:Daniel Reynolds

Fonte:Universo da Mulher